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Henry: Juíza diz ser alvo de misoginia durante briga com defesa de Jairinho

Lola Ferreira

Do UOL, no Rio

13/06/2022 12h45

A sessão na 2ª Vara Criminal do Rio de Janeiro marcada para o primeiro interrogatório do ex-vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), começou com briga entre os advogados dele e a juíza Elizabeth Machado Louro. Jairinho é acusado, juntamente com Monique Medeiros, do assassinato de Henry Borel, de 4 anos.

Após a juíza ordenar que os advogados só ficassem de pé quando estivessem com a palavra, os defensores de Jairinho se negaram a seguir a ordem. A discussão durou cerca de 30 minutos, com a juíza classificando de misógina a postura dos advogados em relação a ela.

O estopim da briga foi uma reclamação da promotora do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) sobre postagens em que os advogados de Jairinho concordavam com a alcunha de "Rainha de Copas", dada a ela pelo procurador-geral nacional de prerrogativas da OAB, Alex Sarquis, em evento da Ordem.

Cláudio Dalledone e Flávia Fróes, principais defensores do ex-vereador, mantiveram-se em pé junto a outros advogados e ignoraram a ordem de Louro para que todos se sentassem. Posteriormente, Flávia afirmou que a promotora "afrontou a advocacia" e os defensores estavam de pé por isso.

A juíza afirmou que não permitiria que o interrogatório começasse naquela configuração. "Eu estou mandando sentar, não quero 30 advogados em pé me afrontando. Eu não quero e não vou continuar [a sessão]", disse Louro. A magistrada sugeriu que só estivesse de pé o advogado com a palavra.

A posição dos advogados durante toda a discussão bloqueou a imagem de Jairinho para as câmeras oficiais do Tribunal de Justiça. Enquanto a juíza insistia que não poderia continuar a sessão com todos os advogados de pé, a defesa fazia uma espécie de "cordão de isolamento" para Jairinho que, sentado, não aparecia nas câmeras.

Depois de 30 minutos, os advogados de Jairinho acataram a ordem da juíza, quando ela deixou de ordenar e passou a pedir que eles permanecessem sentados. Em relação à alcunha de "Rainha de Copas", Louro afirmou:

Nós mulheres estamos acostumadas com misoginia, isso é claramente misógino, não merece nem um comentário. Achei deselegante, mas tão pobre que não vou nem me manifestar. É mais uma manifestação misógina à qual estou mais do que acostumada."

Uma mensagem que relatava o episódio em que Louro foi alvo de Alex Sarquis foi encaminhada a jornalistas pela defesa de Jairinho na sexta-feira passada (10).

Jairinho destitui advogados após discordância sobre interrogatório

Horas antes de começar o interrogatório na 2ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, o ex-vereador destituiu seis advogados que estavam habilitados para a sua defesa no processo que apura a morte de Henry.

A defesa de Jairinho continua a ser comandada pelos advogados Cláudio Dalledone e Flávia Fróes. Nenhum dos advogados destituídos fazia parte do escritório dos dois principais defensores.

Em nota, Dalledone afirmou que "a troca não altera a estratégia da defesa" do ex-vereador, que adotou a linha de questionar a produção das provas periciais.

Os advogados que não mais representam Jairinho são: Eric de Sá Trotte, Bruno Mattos Albernaz de Medeiros, Telmo Bernardo Batista, Luiz Felipe Alves e Silva, Natália Gomes da Silva e Karina Oliveira Marinho.

Trotte e Albernaz informaram que deixaram a defesa por "incompatibilidade técnica" com os atuais advogados de Jairinho. Os defensores citam o último pedido de adiamento do interrogatório, negado pela Justiça no último sábado (11) —segundo eles, o pedido foi "alvo discordância". "A defesa ética, técnica e comprometida com o processo sempre foi e continuará sendo o norte do trabalho desenvolvido por estes signatários."