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Caso Marielle: Nunca tinha visto crime tão bem pensado, diz 1º a investigar

Delegado Giniton Lages em coletiva de imprensa sobre as prisões de Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, em 2019 - ALESSANDRO BUZAS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Delegado Giniton Lages em coletiva de imprensa sobre as prisões de Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, em 2019 Imagem: ALESSANDRO BUZAS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

20/06/2022 18h02Atualizada em 20/06/2022 18h12

O delegado Giniton Lages, primeiro responsável por investigar o assassinato da vereadora do PSOL do Rio de Janeiro Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, disse em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que "nunca tinha visto um crime tão bem planejado".

Giniton deixou o caso um ano depois, em março de 2019, logo após as prisões dos ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados do crime. O delegado hoje é diretor do Departamento-Geral de Polícia da Baixada Fluminense e está lançando um livro sobre o caso.

"Foi um crime milimetricamente pensado. Tenho 14 anos como delegado, nove deles na investigação de homicídios, e nunca tinha visto um crime tão bem preparado, tão bem pensado tanto no pré-crime quanto no pós-crime", afirmou Giniton Lages ao Estadão.

Segundo ele, não havia vestígios na cena do crime, imagens, testemunhas ou impressões digitais, o que dificulta a investigação. O delegado contou que ficou frustrado ao deixar a investigação, uma vez que tinha expectativa de avançar após as prisões dos ex-PMs.

Depois de Giniton, a investigação já foi chefiada por outros quatro delegados. Atualmente, Alexandre Herdy é o responsável pelo caso - ele assumiu em fevereiro deste ano.

Ao Estadão, o delegado contou que "se apaixonou" por Marielle Franco durante a investigação. "Existem alguns casos que mexem demais com a humanidade do policial. E o caso Marielle foi um desses. Não só para mim, mas para toda a equipe", explicou.

Para exemplificar a relação que os investigadores criaram com a vereadora, ele relatou que ela tinha um aplicativo em seu celular que gravava todas as ligações telefônicas que fazia: "Já imaginou instalar esse aplicativo no celular de alguns políticos por aí e poder ouvir tudo, durante um ano, sem barreiras? Mas no dela não tinha nada. Era uma pessoa absolutamente ética".

Giniton foi além e disse que ao conhecer mais de perto a vida e atuação política de Marielle, seu ímpeto de encontrar respostas para o crime cresceu, assim como o dos outros policiais envolvidos na investigação. E isso, segundo ele, os transformou em seres humanos melhores.

Hoje, o assassinato de Marielle e Anderson completa 1.559 dias. Ainda não se sabe a motivação e o mandante do crime.