Empresas pagam milícia para não serem incomodadas, diz revista; elas negam
Ao menos três construtoras que operam na Zona Oeste do Rio de Janeiro teriam realizado pagamentos ao grupo Bonde do Zinho, a maior milícia do país, segundo reportagem da Veja publicada hoje.
De acordo com a revista, materiais obtidos após operação conduzida pela DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes) da Polícia Civil do Rio de Janeiro, mostrariam que as construtoras MRV, Tenda e Direcional teriam pago R$ 178 mil para conseguirem conduzir obras na região.
A reportagem afirma que a Tenda teria pago R$ 67 mil, a MRV, R$ 74 mil, a Direcional, R$ 37 mil, e outras empreiteiras, cujo nome não é especificado, R$ 58 mil. Também há marcação de uma empresa nomeada "Margarida". O total registrado pelos milicianos é de R$ 237.722.
À revista e ao UOL, as empresas negaram pagamentos feitos à milícia. Leia a íntegra dos posicionamentos abaixo.
Ainda segundo a Veja, o dinheiro faz parte do montante de R$ 30 milhões mensais que o grupo articularia. Também há pagamentos feitos por pequenos estabelecimentos, que precisam da autorização dos criminosos para poderem operar seus negócios, além da cobrança de "pedágio" a motoristas de vans, mototaxistas, taxas pela venda de gás e internet clandestinas.
O delegado titular da DRE, Marcus Amim, afirmou à Veja que as empresas "são vítimas" da coação dos milicianos. Segundo Amim, as investigações querem chegar a quem "lava" o dinheiro — ou seja, dá roupagem legal a um valor advindo de ilegalidades e crimes.
O UOL também procurou a Polícia Civil para obter mais informações sobre o caso e aguarda resposta.
Respostas das empresas citadas
Direcional: "A empresa desconhece os fatos e não compactua com quaisquer práticas ilícitas. A companhia possui procedimentos rigorosos, código de conduta para suas atividades e atua dentro dos parâmetros legais."
MRV: "A empresa garante que mantém um compromisso com a integridade, a transparência e a responsabilidade corporativa. Esclarece ainda, que todas as suas contratações são legalmente estabelecidas e que todos os serviços contratados são de fato prestados. E, com base neste alerta feito pela imprensa, a companhia estabelecerá regras ainda mais rigorosas para contratações nestes locais".
Tenda: "A Construtora Tenda desconhece os fatos narrados na reportagem, bem como qualquer investigação. A companhia sempre pautou sua conduta pela ética, integridade e observância das leis e refuta qualquer tipo de ligação à atividade criminosa mencionada na cobertura jornalística. A empresa informa que está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações."
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