Aras revoga grupo de trabalho que acompanharia caso de Bruno e Dom
Dez dias após o anúncio de que o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) acompanharia as investigações das mortes do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, o grupo de trabalho foi revogado pelo Procurador-Geral da República, Augusto Aras.
A análise de Aras é que as investigações estão correndo como deveriam e, após a conclusão do inquérito, o caso será revisitado pela PGR (Procuradoria-Geral da República).
O procurador não descartaria a reabertura do grupo de trabalho quando a PF (Polícia Federal) encerrar as investigações sobre o caso.
Na sexta-feira (24), o corpo de Bruno foi velado em Pernambuco, seu estado natal. Antes da cremação, ele recebeu uma despedida tradicional indígena. O indigenista, de 41 anos, deixa a esposa e três filhos.
O velório de Dom ocorreu ontem (26), no Rio de Janeiro. No local, um grupo de pessoas se manifestava com uma faixa que trazia os dizeres: "Quem mandou matar Bruno e Dom?".
O crime
Bruno Pereira e Dom Phillips desapareceram em 5 junho no Vale do Javari, na Amazônia. Dom era correspondente do jornal The Guardian. Britânico, veio para o Brasil em 2007 e viajava frequentemente para a Amazônia para relatar a crise ambiental e suas consequências para as comunidades indígenas.
O jornalista conheceu Bruno em 2018, durante uma reportagem para o The Guardian. A dupla fazia parte de uma expedição de 17 dias pela Terra Indígena Vale do Javari, uma das maiores concentrações de indígenas isolados do mundo. O interesse em comum aproximou os dois.
Bruno era conhecido como defensor dos povos indígenas e atuante na fiscalização de invasores, como garimpeiros, pescadores e madeireiro.
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a área em que a dupla navegava é "palco de disputa entre facções criminosas que se destacam pela sobreposição de crimes ambientais, que vão do desmatamento e garimpo ilegal a ações relacionadas ao tráfico de drogas e de armas". Até o momento, a investigação da PF chegou a três suspeitos —apenas o pescador Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado, confessou a autoria no duplo homicídio. Segundo a polícia, ele havia admitido ter jogado os corpos em uma parte da mata do Vale do Javari, esquartejado e ateado fogo. No entanto, nesta semana, voltou atrás e afirmou não ter participado do homicídio.
De acordo com o depoimento do pescador, o responsável pelas mortes do indigenista e do jornalista, ocorridas no início do mês, é Jeferson da Silva Lima, também conhecido como Pelado da Dinha.
Os dois, juntamente a Oseney da Costa de Oliveira, irmão de Amarildo e conhecido como Dos Santos, estão detidos pela PF. Oseney nega envolvimento no crime. Ao todo, a corporação considera oito pessoas suspeitas.
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