GO: Fazendeiro é suspeito de matar 'amigo' corretor para não pagar comissão
Um fazendeiro de 55 anos foi preso por suspeita de mandar matar um "amigo" corretor de imóveis, para evitar pagar R$ 8 milhões em comissão após a venda de uma propriedade — no valor de R$ 300 milhões. A defesa dele nega a acusação.
Segundo a Polícia Civil, o caso foi registrado na cidade de Rio Verde (GO) e quatro pessoas foram presas por suspeita de envolvimento na morte de Wellington Freitas, 67: Renato Souza, dono da propriedade, apontado como o possível mandante do crime; Rogério Oliveira, suspeito de executar o assassinato, e Rogério Teles e Caio Rodrigues, que teriam intermediado a ação.
De acordo com o delegado titular de Rio Verde, Adelson Candeo, a polícia foi procurada pela família da vítima, no dia 20 de junho, após o corretor ter desaparecido na região.
Após diligências, o carro da vítima foi encontrado às margens da GO-333, perto do limite municipal entre Rio Verde e Jataí, próximo a uma propriedade que fora comprada recentemente por Wellington. Pouco depois, o corpo do corretor foi encontrado pelo filho.
"O filho estava passando por onde o rastreador do carro da vítima indicou que ele tinha passado. O corpo foi encontrado carbonizado em um desses locais", explicou o delegado em entrevista ao UOL.
As diligências, feitas ao longo da última semana, mostraram que um veículo acompanhou a caminhonete de Wellington até o local onde ela foi desovada e, no dia seguinte, a polícia chegou até o nome de um suspeito da execução, identificado como Rogério Oliveira.
"A princípio, ele disse que tinha feito o crime sozinho e por motivação própria, mas, como as diligências foram avançando, o indivíduo acabou confessando e dando todos os detalhes, dando o nome de todos os envolvidos, explicando a motivação do caso e detalhes da forma de execução", contou o delegado.
O suspeito informou que o fazendeiro Renato Souza teria oferecido R$ 150 mil para que ele comprasse um celular e um chip novos, marcasse um encontro com Wellington para ver propriedades rurais na região e o assassinasse.
Imagens de câmeras de segurança mostraram o momento do encontro entre o executor e o corretor. O criminoso recebeu um adiantamento de R$ 69,5 mil pela ação. Primeiro, ele enforcou a vítima com uma corda e abandonou o corpo em um matagal.
"Após matar, ele ligou para um rapaz e pediu que ele ajudasse a descartar a caminhonete. Em seguida, após descartar a caminhonete da vítima, ele seguiu para um hotel da cidade. Neste momento, um intermediário entrou em contato com o executor dizendo que ele deveria retornar no local porque não tinha terminado o serviço", afirmou o delegado.
O rapaz em questão era Caio Rodrigues, que também foi preso. O intermediário que ligou para "terminar o serviço" foi identificado pela polícia como Rogério Teles.
Segundo Adelson, o executor teria sido ameaçado por esse intermediário e, com medo, comprou gasolina, voltou ao local do crime e incendiou o corretor. Ao ir embora da cena do crime, o suspeito informou que cruzou com o filho da vítima, que já estava em busca do pai desaparecido. De acordo com a perícia, a vítima ainda estava viva quando teve fogo ateado no corpo.
A vítima e o mandante eram muito amigos e a venda da fazenda [de Renato] foi feita por 300 milhões. A comissão seria de 5% a 7%. Normalmente, ela poderia chegar a 21 milhões, mas eles fizeram o acordo de fechar em 8 milhões. Em determinado momento, o mandante quis pagar apenas quatro milhões e descontar alguns valores decorrentes de dívidas que ele achava que a vítima tinha com ele. Isso gerou desentendimento. Eles partiram para um processo judicial e a inimizade passou a reinar, inclusive, com ameaças entre as partes.
Adelson Candeo, delegado
Os dois eram amigos de longa data e têm uma série de fotografias juntos.
Renato foi preso em uma das propriedades dele, dias após o crime. Ele foi detido em flagrante por portar ilegalmente uma pistola, mas também vai responder legalmente pelo homicídio. Segundo o policial, o corretor de imóveis que morreu era conhecido e querido na cidade de Rio Verde.
O UOL fez contato com a advogada do fazendeiro, Mirelle Gonzales Maciel, que declarou que o cliente é inocente e que, assim que tiver acesso à íntegra da investigação poderá dar mais esclarecimentos. "Quanto à prisão temporária, informa que foi determinada ao arrepio da Constituição Federal e do que o STF já decidiu quanto à condução coercitiva para obrigar o investigado a contribuir com a investigação, principalmente porque o investigado Renato Souza não se recusou em qualquer momento em contribuir com a investigação procedida pela polícia civil".
A reportagem também fez contato com a defesa de Rogério Teles e Caio Rodrigues, mas ainda não obteve resposta de seus representantes legais. A defesa de Rogério Oliveira não atendeu às ligações feitas desde as 15h30 desta sexta-feira (1).
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