Paciente mantida em cárcere faz apelo por transferência: 'Não aguento mais'
A paciente Daiana Chaves Cavalcanti, 35, que a polícia considera ter sido mantida em cárcere privado dentro de um hospital na Baixada Fluminense, fez um apelo para ser transferida do hospital. O médico suspeito de mantê-la no local foi preso, mas ela ainda não conseguiu a transferência. À TV Globo, ela afirmou que está com a pele do peito necrosada. Em contato com o UOL, a defesa de Daiana disse que sua situação é grave e que há uma liminar que ordena que ela seja movida.
"Eu peço muita ajuda para vocês, que me ajudem a sair daqui, que é isso que eu preciso, ser transferida, sair daqui. Eu tenho um filho de dois anos que precisa de mim. Eu não aguento mais esse sofrimento", disse a paciente em um vídeo gravado no interior do hospital e reproduzido no programa "Encontro".
A vendedora falou ainda sobre a vontade de estar novamente com a família. "Estou com saudade da minha família. Eu só quero ir embora daqui desse lugar, eu só quero ter minha vida normal lá fora. Esse médico acabou com o meu sonho".
Daiana está internada no Hospital Santa Branca desde primeiro de junho. Ela realizou três procedimentos estéticos mal sucedidos e afirmou à polícia que está sendo impedida de ser transferida de unidade.
O médico equatoriano Bolívar Guerrero, 63, responsável pelas intervenções médicas, foi preso temporariamente sob suspeita de cárcere privado e organização criminosa.
Hospital não cumpre decisão judicial
De acordo com o advogado de Daiana, o estado dela é grave. Ao UOL, Ornélio Mota Rocha explicou que obteve na semana passada uma liminar na Justiça que determina a transferência da paciente e prevê multa de R$ 2 mil, por dia, ao hospital em caso de descumprimento. Mesmo assim, Daiana continua no Hospital Santa Branca, onde está internada desde primeiro de junho.
"Antes de determinarem a prisão, já tinha entrado com um pedido de transferência para um hospital com CTI, equipamentos modernos, para salvar a vida dela e a juíza entendeu e determinou a transferência, mas ele se negam. Eles preferem a multa a arcar com a transferência", afirmou Rocha.
Ainda de acordo com o advogado, a Justiça atendeu um pedido da defesa e determinou a transferência de Daiana para uma unidade da Rede D'Or, com os custos pagos pelo Hospital Santa Branca e pelo médico, Bolivar Guerrero.
"Não pedimos nem reparação. Pedimos até agora só a transferência por entender que a vida é o mais importante".
Rocha disse que agora a defesa entrou com o pedido de bloqueio no valor de R$ 360 mil das contas do hospital, com o objetivo de garantir o tratamento da paciente que está em estado grave. "Estamos aguardando a conclusão deste pedido".
Ao todo, a paciente mantém duas liminares que determinam a transferência hospitalar - nenhuma foi cumprida.
O UOL tenta contato com o hospital desde as primeiras denúncias. Hoje, em novas tentativas de contato telefônico para pedir uma manifestação diante das novas acusações, uma atendente chegou a desligar o telefone quando a reportagem se apresentou.
A advogada de defesa do médico equatoriano também se pronunciou até o momento. A reportagem procurou a defesa por telefone e por mensagem de aplicativo.
Mulher gastou R$ 28 mil em cirurgias
Ainda de acordo com o advogado de Daiana, a paciente gastou quase R$ 28 mil para realização de três procedimentos no Hospital Santa Branca. Primeiro, a paciente realizou uma abdominoplastia e depois fez uma intervenção no glúteos. Segundo a defesa, posteriormente ela foi convencida a fazer cirurgia nos seios.
"Quando ela ainda estava se recuperando da abdominoplastia e do bumbum, ele a convenceu a fazer os seios. Como não deu certo, ele fez uma reparação sem custo e rasgou ela de cima a baixo", afirmou o advogado.
A mulher segue internada desde 1º de junho e não conseguiu até o momento ser transferida de unidade. Após uma parente de Daiana registrar o caso na Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher) de Duque de Caxias, a Polícia Civil fez contato com o hospital e solicitou o envio do prontuário da paciente - documento que não foi entregue.
Diante da negativa, a Polícia Civil prendeu em flagrante o médico equatoriano Bolívar Guerrero.
O profissional responde a 19 processos criminais e já havia sido preso em 2010 pelo uso de medicamento não autorizado pela Anvisa.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.