'Cada morto é um voto na lógica bolsonarista', diz sociólogo sobre chacina
José Cláudio Souza Alves, autor do livro 'Dos Barões ao extermínio: a história da violência na Baixada Fluminense', socíologo e professor da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), participou do UOL News nesta sexta-feira (22) e analisou a chacina que aconteceu no Complexo do Alemão (RJ) um dia antes. Ele entende que trata-se de "um cenário político e midiático para obter votos a partir da morte de gente pobre, negra e periférica". José afirmou que, na "lógica bolsonarista", seguida pelo governador Cláudio Castro (PL), cada morto é um voto.
"Eles querem matar mais porque é uma política eleitoral. Cada morto é computado como se fosse um voto para essa base de apoiadores. A lógica é do bandido bom é bandido morto. Mas o verdadeiro bandido, que está por dentro do Estado, não é combatido", alertou José Cláudio, ressaltando que em muitos casos essas chacinas terminam com pessoas desaparecidas, então o número de mortos pode ser ainda maior que o divulgado. No Complexo do Alemão foram contabilizadas oficialmente 17 mortes.
Anteriormente, a Polícia Civil havia informado que Roberto de Souza Quimer, 38, era um dos mortos, mas retificou a informação às 18h de hoje (22), o que totaliza 17 mortos no dia 21 de julho. O UOL atualizou todas as reportagens sobre o caso com a informação correta.
O sociólogo também destacou a importância de combater as milícias, o que não é feito atualmente, na visão dele. "A gente tem visto no governo Cláudio Castro a política de aumentar o patamar de execuções nas comunidades, principalmente em áreas comandadas pelo Comando Vermelho. As áreas onde tem milícias têm expandido cada vez mais dentro do estado, principalmente na capital e na Baixada Fluminense. Quando a gente assiste bolsonaristas dizendo que tem que matar bandido na favela, esquece que a maior mancha criminal, a maior organização criminosa, que controla o Rio de Janeiro, chama-se milícia", afirmou José Cláudio.
O sociólogo entende que a política de segurança pública não pode ser baseada em confronto direto dentro de comunidades, pois é algo "ineficiente, contraproducente e despreparado".
"Eles querem controlar algo que nunca conseguiram. Acham que matando gente vão controlar o tráfico de drogas. Não se controla o tráfico com repressão direta no ponto de venda. Drogas e armas têm um caminho de contrabando. Tem que ter trabalho de inteligência, não esse de brutalidade. Isso é muito mais cena. Drogas não se combatem com repressão no vendedor, mas se combate com educação, saúde e um trabalho muito mais elaborado", concluiu ele.
Veja a cobertura completa sobre a chacina no RJ e notícias do dia no UOL News:
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