Vídeos após chacina policial mostram 'chuva de balas' e destruição no RJ
Um vídeo atribuído a uma moradora do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, exibe uma "chuva de balas" após uma ação policial deixar ontem ao menos 17 mortos.
Imagens feitas por moradores mostram um cenário de destruição, com buracos de tiros em paredes, janelas e carros no conjunto de favelas.
Na gravação, uma moradora narra o que vê enquanto parece justificar a ausência no emprego. "Bom dia, patroa. Mais uma vez, eu não consigo sair de casa. Isso é a saída da minha casa! A minha porta! Então, eu não tenho condições para trabalhar hoje. Só Deus sabe amanhã", diz.
Anteriormente, a Polícia Civil havia informado que Roberto de Souza Quimer, 38, era um dos mortos, mas retificou a informação às 18h de hoje (22), o que totaliza 17 mortos no dia 21 de julho. O UOL atualizou todas as reportagens sobre o caso com a informação correta.
Em entrevista à TV Globo, o tenente-coronel Ivan Blaz, porta-voz da PM, disse que a munição dos agentes das forças de segurança acabou em apenas duas horas de operação ontem. A incursão foi coordenada pelo Bope (Batalhão de Operações Policiais), a tropa de elite da corporação.
Em outra filmagem, um morador exibe um par de chinelos em cima de uma mureta que pertenciam a Solange Mendes Silva, 49, a 18ª vítima identificada. Segundo moradores, ela costumava vender marmitas com o marido na região.
Em nota, a Polícia Militar disse que uma das bases da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) Nova Brasília foi atingida hoje por disparos de arma de fogo, mas que os agentes não teriam revidado. "Após cessar o ataque criminoso, uma mulher foi encontrada ferida e foi socorrida pelos policiais militares para o Hospital Estadual Getúlio Vargas", afirmou a corporação, por meio de nota.
Imagens feitas por moradores mostram ainda um rastro de destruição, com paredes, janelas e até veículos crivados de tiros. "Olha como ficou a barbearia de um trabalhador aqui na favela. Que triste, mano", desabafa um morador, ao exibir imagens do estabelecimento comercial.
17 mortes em operação
Ontem, ao menos 17 pessoas foram mortas na operação policial. Entre elas, o cabo Bruno de Paula Costa, baleado durante um ataque à UPP Nova Brasília.
Letícia Salles, 50, foi atingida dentro de um carro na Estrada do Itararé, um dos acessos ao complexo de favelas. Ela morava no Recreio dos Bandeirantes, mas foi ao local visitar o namorado. Familiares afirmam que ela foi baleada no peito dentro do carro por policiais em um dos acessos à comunidade.
Durante todo o dia de ontem, moradores usaram carros particulares para levar corpos abandonados na comunidade para a UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) do Alemão. Os mortos eram transportados enrolados em lençóis.
Com a operação de ontem, o governo Cláudio Castro (PL), que tenta a reeleição, é responsável por três das cinco maiores chacinas da história do estado —apenas dois meses após a incursão que matou 24 pessoas no Complexo da Penha, conjunto de favelas que faz divisa com o Alemão.
Veja quem são os mortos identificados no Alemão:
Bruno de Paula Costa, 38 anos
Bruno era cabo da Polícia Militar e foi baleado durante um ataque à base da UPP. Levado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, não resistiu aos ferimentos
Letícia Salles, 50 anos
Moradora do Recreio, ela visitava o namorado no Complexo do Alemão. Familiares afirmam que ela foi baleada no peito dentro do carro por policiais em um dos acessos à comunidade
Bruno Neves Leal, 28 anos
Foi preso em flagrante em Bangu e condenado por tráfico de drogas e associação para o tráfico em duas instâncias.
Fernando Nascimento Silva, 28 anos
Emerson de Sousa Teixeira, 26 anos
Gabriel Farias da Silva, 23 anos
Anderson Luiz Bezerra Fonsêca, 21 anos
Diego Barbosa da Silva, sem idade informada
Marcos Paulo Nascimento da Silva, 22 anos
Não possui anotações criminais.
Wellington Moura da Silva Junior, 17 anos
Não possui anotações criminais.
Luiz Claudio Rozendo Lopes Junior, 28 anos
Não possui anotações criminais.
Bruno Luis Soares da Silva, 32 anos
Jhonatan Vitor Ferreira Nunes, 21 anos
Não possui anotações criminais.
Solange Mendes da Silva, 49
Moradora da favela Nova Brasília, Solange vendia marmitas com o marido no alto da comunidade. Baleada nesta sexta-feira (22), ela deu entrada no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, já sem vida. A PM negou, por meio de nota, ter revidado disparos em ataque à UPP da comunidade.
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