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SP: Homem morre carbonizado em carro após ameaçar incendiar companheira

Maurício Businari

Colaboração para o UOL, em Santos

06/08/2022 21h28

Um homem de 36 anos morreu carbonizado dentro de um veículo em Barra do Turvo, interior de São Paulo, após ter feito ameaças à companheira.

Segundo testemunhas, ele tinha intenção de jogar gasolina no corpo da mulher e incendiá-la. Porém, acabou com o próprio corpo embebido em combustível e, segundo revelaram câmeras de segurança, acendeu um cigarro dentro do carro, o que provocou o incêndio.

O caso ocorreu na última quinta-feira (4), na rua 21 de Março, em frente ao Conselho Tutelar da cidade. Djanir Luiz Rosa Coutinho morreu no local. Vídeos que circularam em redes sociais mostram a tentativa desesperada de moradores em apagar o incêndio no veículo. Porém, quando finalmente conseguem debelar as chamas, o homem já estava morto.

A companheira de Djanir havia prestado queixa contra ele na delegacia do município por ameaça e violência doméstica por volta das 15h, duas horas antes do incêndio. A mulher relatou que o homem —conhecido como Cocada— tinha feito ameaças contra ela e a estava perseguindo.

"Quando o Cocada soube que ela tinha ido na delegacia, ficou louco", afirmou uma pessoa ligada à família. Com medo, a mulher, que estava com a filha, correu para o Conselho Tutelar e pediu proteção. "Essa não era a primeira vez que ele ameaçava ela. A gente falava que ela tinha que denunciar, mas ela tinha medo", contou.

Segundo o boletim de ocorrência registrado na delegacia de Barra do Turvo, agentes da Polícia Civil foram acionados por populares que presenciaram toda a cena. Quando chegaram à sede do Conselho Tutelar, se depararam com uma Parati já em chamas. O incêndio, segundo o relato, foi controlado com o uso do extintor da delegacia.

A responsável pelo Conselho Tutelar, Ione Moraes, confirmou aos policiais que a companheira de Cocada estava no interior da sede, escondendo-se dele. Segundo Ione, o homem chegou ao local conduzindo o veículo em alta velocidade. Assustada, ela decidiu trancar a porta do escritório.

Cocada insistia em entrar, mas não conseguiu. Irritado, dirigiu-se ao veículo e pegou uma garrafa pet de 2 litros com um líquido aparentando ser gasolina. A responsável pelo Conselho Tutelar perguntou a ele o que iria fazer com o combustível.

Ele então abriu o capô do veículo e disse que iria colocar gasolina. A conselheira ainda indagou como ele havia conseguido chegar até o local sem gasolina, mas ele respondeu que não interessava. Depois jogou um pouco de combustível em seu próprio corpo e novamente tentou entrar no interior do prédio do conselho, sendo contido por Ione.

A conselheira relata que, neste momento, ele virou-se para ela e disse: "Você não vai deixar eu entrar, então vai ver o que vai acontecer". Depois ele teria entrado novamente no carro e despejado o restante do combustível no próprio corpo. Por fim, pegou um cigarro e, ao tentar acendê-lo, o incêndio teve início.

"Foi uma cena horrível", disse ao UOL uma testemunha que trabalha perto do Conselho Tutelar.

"Começou com uma gritaria, ele berrava muito. Ele estava muito bêbado, estava na cara. Só que foi tudo tão rápido que nem deu tempo de chamar a polícia antes de o fogo começar. Dizem aí pela cidade que ele queria acabar com a vida dela. E ela tinha medo que ele também tentasse ferir a filha dela", contou.

Acusado de incendiar imóvel

Esta não seria a primeira vez que Cocada, que tem diversas passagens pela polícia, teria se envolvido com um incêndio criminoso. No último processo ao qual respondia, ele estava sendo acusado de furto qualificado e dano com uso de substância inflamável.

Agentes da Polícia Civil informaram que ele e um comparsa praticaram furtos em um imóvel e, para apagar os rastros da presença deles, Cocada teria solicitado a colaboração do parceiro de crime para que incendiassem o local, o que acabou sendo mesmo feito.

Uma audiência sobre esse caso estava marcada para o mês que vem. Quanto à questão da violência doméstica, os agentes afirmam que não há registros feitos em nome da companheira dele na delegacia da cidade.