Topo

Esse conteúdo é antigo

Cônsul preso: polícia acha vestígios de sangue em 3 pontos de apartamento

Em depoimento à polícia, secretária de Uwe afirmou que limpou sangue no apartamento dele - Polícia Civil do Rio de Janeiro/Reprodução
Em depoimento à polícia, secretária de Uwe afirmou que limpou sangue no apartamento dele Imagem: Polícia Civil do Rio de Janeiro/Reprodução

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

08/08/2022 15h40Atualizada em 08/08/2022 21h46

A perícia realizada no apartamento do cônsul alemão, preso no sábado (6) por suspeita de envolvimento na morte do marido, o belga Walter Maximillen Biot, encontrou vestígios de sangue em três pontos no imóvel onde o casal morava na Rua Nascimento Silva, em Ipanema, na zona sul do Rio.

Com auxílio de luminol, os peritos identificaram manchas de sangue em fronhas que estavam no quarto do casal, no banheiro e também na sala. A perícia também indicou manchas de fezes pela casa.

Uma poltrona com uma grande mancha na parte lateral foi fotografada pelos peritos. O local exibia indícios de ter sido lavado.

De acordo com relatório da perícia, também foram recolhidos no banheiro da suíte do imóvel quatro cartelas vazias de remédio - uma de Lorazepan e três de Alprazolan. Os medicamentos são usados para o tratamento de distúrbios de ansiedade e crise de pânico.

Os materiais foram recolhidos, assim como um bastão de madeira e um chicote encontrados no local. As roupas que teriam sido usadas pelo suspeito do crime também foram levadas para laboratório.

Uwe foi preso no sábado (6) e teve o pedido de habeas corpus negado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Ele alegou que o companheiro passou mal, correu em direção a varanda, tropeçou e caiu, batendo com o rosto no chão.

Secretária limpou apartamento

Em depoimento à Polícia Civil, a secretária do cônsul, Valéria Teixeira, relatou ter tomado conhecimento da morte de Boit pelo próprio Uwe, através de mensagem de aplicativo enviada de madrugada.

Na mensagem, o diplomata dizia que o marido teve um infarto e havia morrido.

Segundo a testemunha, ela ligou para o cônsul pela manhã e combinou de encontrá-lo. Uwe estava caminhando com o seu cachorro e posteriormente os dois seguiram para o apartamento do casal.

No local, Valéria ouviu que Biot teria corrido em direção à varanda e caiu e que, ao observar a varanda, percebeu o cão lambendo uma mancha de sangue.

Valéria contou que pegou um balde com água e detergente e realizou uma limpeza superficial do local a fim de que o cão não tivesse contato com o sangue.

Laudo de necrópsia

O laudo do IML (Instituto Médico Legal) atesta que a vítima morreu de hemorragia subaracnoide - extravasamento de sangue entre o cérebro e o tecido, contusão craniana e traumatismo cranioencefálico.

"A infiltração hemorrágica foi detectada em ambos os hemisférios cerebrais e ao nível da base dos giros inferiores dos lobos temporais e de disposição focal no lobo occipital", destaca o laudo.

O documento fala ainda em diversas lesões como equimoses, escoriações e outros tipos de ferimentos espalhados pelos braços, pernas, tronco e cabeça.

Há lesões ainda compatíveis com pisadura e indícios de morte em decorrência de ações violentas.

O Tribunal de Justiça do Rio converteu a prisão em flagrante do cônsul em preventiva. Uwe foi encaminhado para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte.

O UOL fez contato com os advogados de defesa do diplomata, mas eles ainda não retornaram com um posicionamento sobre o caso.