'O assassino vai curtir o Dia dos Pais. E eu?', diz filho de petista morto
Leonardo Miranda de Arruda, filho do tesoureiro do PT Marcelo Arruda, assassinado no mês passado pelo policial penal bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho, expressou seu "total desapontamento" com a decisão da Justiça do Paraná de conceder prisão domiciliar ao agente, que será monitorado por tornozeleira eletrônica por até 90 dias.
Por meio de uma nota divulgada nas redes sociais, Leonardo afirmou que, enquanto Guaranho poderá passar o Dia dos Pais em casa, ao lado do filho e da família, ele e seus irmãos não terão mais a presença do pai para celebrar a data.
O filho do tesoureiro petista questionou ainda a falta de preparo do sistema prisional do Paraná, que não oferece a estrutura necessária para receber um preso em uma clínica médica penitenciária, e chegou a marcar o governador do estado, Ratinho Júnior (PSD).
"Através dessa nota, manifesto meu total desapontamento com a Justiça, as autoridades envolvidas e o Governo do Estado do Paraná. Neste dia 10 de Agosto, um mês do assassinato de meu pai, Marcelo Arruda, o Governo não se mostra preparado para receber um 'preso' em uma Clínica Médica Penitenciária por não conseguir oferecer estrutura suficiente e através do Juiz responsável permitindo a prisão domiciliar. Após ter cometido tamanha barbárie e acabado com a vida de um pai de família, o assassino ficará em casa, curtindo o Dia dos Pais com seu filho, se 'recuperando'. E eu? E nós filhos de Marcelo? Seguimos em busca de Paz e Justiça, por Marcelo Arruda!", publicou.
Prisão domiciliar
A prisão preventiva do policial penal Jorge José da Rocha Guaranho foi convertida pela Justiça do Paraná em prisão domiciliar com o auxílio de monitoramento por tornozeleira eletrônica por até 90 dias. O agente teve alta do hospital Ministro Costa Cavalcanti, em Foz do Iguaçu (PR), ontem à tarde, e o equipamento foi instalado à noite.
Após deixar o leito hospitalar, ele seria transferido ao Complexo Médico Penal em Pinhais, na região metropolitana da capital Curitiba, onde ficaram os políticos detidos pela Operação Lava Jato. Mas a medida foi revogada após a unidade prisional informar não ter condições para receber o detento devido ao seu "grave quadro clínico".
O policial penal foi denunciado por homicídio qualificado pelo assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, morto a tiros quando comemorava o aniversário de 50 anos com uma festa temática do PT na noite de 9 de julho em Foz.
Em sua decisão, o juiz Gustavo Germano Francisco Arguello, da 3ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu, criticou a demora da unidade prisional para informar não ter condições para receber Guaranho.
"Não bastasse a absurda situação de se constatar a total incapacidade técnica do Estado em cumprir a ordem judicial que decretou a prisão preventiva do réu, tem-se a inacreditável omissão em comunicar tempestivamente a sua inaptidão", cita o magistrado.
Segundo a unidade prisional, o agente bolsonarista necessita de acompanhamento com profissionais de saúde, como fisioterapeuta e nutricionista, e o Complexo Médico Penal não consegue atender a essas demandas.
Atingido por seis tiros após atacar o petista, Guaranho levou mais de 20 chutes na cabeça em pouco menos de seis minutos, conforme revelou o UOL, que teve acesso às imagens das câmeras de segurança no local do crime. Ele teve fragmentos de projétil alojados na cabeça e ferimentos na boca, braços, perna esquerda e pescoço, segundo informações de seus representantes legais, além de uma fratura no maxilar.
As agressões fazem parte de uma investigação paralela da Polícia Civil do Paraná, que apura o impacto das lesões sofridas por Guaranho em decorrência do espancamento praticado por três homens.
Guaranho teve alta da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital há três semanas para se recuperar de lesões.
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