Fervedouro recém-descoberto vira cenário de ensaio de tirar o fôlego em MS
Um fervedouro recém-descoberto na Nascente da Serra de Bodoquena, em Bodoquena (MS), foi cenário para fotos subaquáticas de impacto que fizeram sucesso nas redes sociais. O local, ainda não aberto ao público, tem um acesso difícil e as imagens demandaram um dia inteiro para serem clicadas, às vésperas de uma frente fria na região.
O professor e fotógrafo Ruver Bandeira pretendia fazer fotos com a modelo Paula Correa em Bonito (MS), possivelmente interagindo com sucuris, mas a temporada de reprodução dos animais exigiu que os planos fossem refeitos e o registro, até então inédito, do fervedouro acabou rendendo belas imagens.
O trabalho foi feito em águas com 21ºC na ocasião. Paula segurava a respiração em apneia, entre 30 segundos e 1 minuto por vez, até precisar de ar novamente. A sessão foi conduzida ao longo de toda uma manhã de trabalho, em que o fotógrafo se manteve longos períodos submerso com o auxílio de um cilindro de oxigênio.
Os fervedouros são pontos específicos de águas advindas dos aquíferos profundos. A bacharela em turismo e mestra pela UFMS Regiane Silvestrini, explica que fervedouros são nascentes de rios subterrâneos que, geralmente, não tem espaço para vazão da água e, por isso, formam uma espécie de piscina natural. No caso de Bodoquena, o afloramento está ligado ao aquífero Guarani.
Na região do Jalapão, no Tocantins, por exemplo, fervedouros são comuns, somando mais de 30 pontos que formam um circuito turístico consolidado há mais de 20 anos.
Segundo a especialista, as características e profundidade dos fervedouros podem variar. O de Bodoquena, com 6 metros de profundidade, pode ser perigoso para quem não é habituado a mergulhar e conta com a presença de animais selvagens, como antas, macacos e jacarés.
Um detalhe que chama a atenção nas fotos do fervedouro, no entanto, é que a modelo aparece submersa, de biquíni.
"O fervedouro é conhecido justamente pela impossibilidade ou pela dificuldade de afundar. Esse fenômeno é chamado de ressurgência hídrica, já que o lençol freático não encontra vazão sob a camada de rocha que é impermeável e ele nasce com essa pressão, que impede que as pessoas afundem", explica.
Ele acrescentou também que a possibilidade de mergulho depende ainda da densidade da água e da força e profundidade da nascente, sendo necessário estudo mais aprofundado sobre o ponto recém-descoberto.
O fervedouro ainda é um segredo escondido. Para chegar nele, é preciso seguir de lancha e passar por um percurso de mata fechada de mais de 400 metros.
"Como o fervedouro não está aberto ao público, ainda não está estruturado. Por isso a dificuldade no trajeto", comenta o fotógrafo.
"Queria mostrar que a gente pode, sim, viver em harmonia com o meio ambiente. Deixando toda essa beleza para a contemplação das futuras gerações", disse Ruver Bandeira.
Bandeira é especializado em fotografias selvagens e subaquáticas e já coleciona reconhecimentos ao trabalho.
Em 2021, uma de suas fotos (abaixo) ficou entre as 15 melhores do ano no mundo no concurso Internacional 35AWARDS. No ano anterior, ele já havia se classificado entre os 50 melhores trabalhos da temporada.
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