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Mãe suspeita de matar filhos era 'uma jovem vaidosa e fria', diz delegada

Eliara Paz Nardes, 31, confessou crime à polícia e, segundo delegada, não demonstrou arrependimento; ela ainda não tem defesa constituída -  Redes sociais/Reprodução
Eliara Paz Nardes, 31, confessou crime à polícia e, segundo delegada, não demonstrou arrependimento; ela ainda não tem defesa constituída Imagem: Redes sociais/Reprodução

Lorena Pelanda

Colaboração para o UOL, em Curitiba

31/08/2022 11h58

Uma jovem vaidosa, que costumava mudar de cidade com frequência, que mantinha distância da família e demonstrava frieza. Essas são algumas das características de Eliara Paz Nardes, 31, suspeita de matar os dois filhos, de 3 e 9 anos, e manter os corpos no apartamento da família por duas semanas, segundo a delegada responsável pelo caso. O crime ocorreu em Guarapuava (PR), a 250 km de Curitiba.

A mulher morava em Guarapuava havia pelo menos cinco meses, em um apartamento na região central da cidade, com os dois filhos. Ela tinha pouco contato com outros familiares, já que morava longe deles. Antes, já havia morado em várias cidades de Santa Catarina, seu estado de origem.

Eliara é solteira e morava apenas com os filhos, que são de pais diferentes. O pai da menina de 9 anos morreu, e pai o do menino mora em Itajaí (SC). Em depoimento, ele disse que tinha pouco contato com a criança.

"Ela deixou alguns manuscritos em que dizia que sempre foi muito sozinha, que não aguentava mais e que tudo teria dado certo na vida dela até o nascimento da criança mais nova, o menino. Ela também reclamava que o pai dele não era mais presente e não estava auxiliando. Tudo isso indica que ela estava estudando formas de se defender e justificar o que fez", diz Ana Hass, delegada responsável pelo caso.

O pai do menino foi procurado pelo UOL, mas não quis se pronunciar sobre o caso.

Nas redes sociais, a mulher sempre foi discreta e não costumava fazer postagens.

Agente de créditos

A suspeita atuava como agente de créditos consignados e trabalhava em casa. Mesmo após matar os filhos, ela continuou oferecendo empréstimos e até entrou em contato telefônico com alguns policiais da região, o que, segundo a Polícia Civil, é uma atitude que demonstra frieza.

Ela tinha até então uma vida normal e trabalhava normalmente neste período que já tinha matado as crianças, além de estar preparando a sua versão pelos crimes e formas de se livrar desses corpos que permaneceram no local em torno de 15 dias. Ana Hass

As investigações mostram que as mortes foram premeditadas e que em nenhum momento ela demonstrou arrependimento pelo que fez.

Ela assume, mas diz que não era ela, terceiriza a culpa, como se tivesse feito isso em razão de algo. Ela fala muito dela, é um discurso muito egoístico. A própria versão tem presença de dissonâncias e alguns fatos ela esconde para atenuar o que fez. Ana Hass

Uma das contradições é em relação à data das mortes. A suspeita disse que os crimes ocorreram no mesmo dia, mas provas iniciais mostram que o menino morreu no dia 13, por conta do estado avançado de composição do corpo. A menina teria morrido quatro dias depois. Laudos periciais serão feitos para comprovar a versão que a polícia acredita ser a real.

Escola procurou a menina

Apenas a filha mais velha estudava e a o menino ficava em casa, com a mãe. Por conta da ausência da criança, a instituição chegou a entrar em contato com ela, que foi informou que a aluna estava doente.

Quando foi presa, Eliara foi encaminhada para a cadeia de Guarapuava e, por segurança, teve que ser transferida para outra penitenciária. O novo local não será informado, segundo a polícia.

Mãe ainda não tem defesa

Por enquanto, Eliara não tem advogado. A Defensoria Pública do Paraná informou que, por regra, só atua em na fase processual, não na fase de inquérito, mas, que, apesar de prever exceções, nenhum defensor foi apontado para o caso e não há confirmação se um apontamento será solicitado. Uma alternativa é a nomeação de um advogado dativa, nomeado pelo juiz, o que, por enquanto, não ocorreu.

O inquérito, de acordo com a Policia Civil do Paraná, deve ser concluído até a próxima segunda-feira. Até lá, serão ouvidas mais testemunhas, como funcionários do prédio em que morava e pessoas que conheciam a família. Imagens de monitoramento da região também devem contribuir com as investigações.