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Nove cachorros morrem após ingestão de petisco de mesma marca em MG e SP

Petisco "Bone Every Day" estava entre os três registrados pela Polícia Civil como ingeridos antes de animais passarem mal - Bassar/Reprodução
Petisco 'Bone Every Day' estava entre os três registrados pela Polícia Civil como ingeridos antes de animais passarem mal Imagem: Bassar/Reprodução

Do UOL, em São Paulo

02/09/2022 16h01Atualizada em 05/09/2022 06h41

A Polícia Civil investiga a morte de ao menos nove cachorros que passaram mal após ingerirem petiscos da marca Bassar em Minas Gerais e São Paulo. Segundo Danúbia Quadros, da Delegacia Especializada em Defesa do Consumidor de Minas Gerais, sete casos foram registrados no estado e outros dois em São Paulo. Além das mortes, há relatos de seis internações de animais que enfrentam problemas de saúde após consumirem o produto.

Dentre as mortes registradas, seis foram na cidade de Belo Horizonte e outras duas em São Paulo. A mais recente, segundo Danúbia, ocorreu em Piumhi, cerca de 294 km da capital mineira. No entanto, a tutora que relatou o óbito disse que o produto foi comprado na capital mineira.

Segundo a delegada, as vítimas são geralmente de pequeno porte e têm apresentado convulsões, diarreia e vômito após ingerirem o alimento. Os petiscos são de três tipos diferentes, mas todos da marca Bassar. Entre eles, está o Bone Everyday. Os outros dois não tiveram os nomes informados.

"Já temos um laudo preliminar sugerindo uma intoxicação dos animais", disse ela, alertando que novos casos não param de chegar. "A gente tem recebido muitos relatos de veterinários de uma forma geral. Principalmente a veterinária da primeira clínica que atendeu os dois cachorrinhos que morreram está o tempo todo entrado em contato comigo [afirmando] receber notícia inclusive de veterinários de outros estados."

Há suspeita de que existam outras vítimas também no estado de Goiás. No entanto, a delegada alerta que a polícia só poderá investigar se eles forem relatados pelos próprios tutores e houver provas da ingestão do produto.

"Como tem sido relatado, já existem algumas investigações aqui na delegacia especializada e temos esse laudo preliminar. Agora, os tutores têm que ter cautela na compra e oferecimento destes petiscos aos cachorrinhos. E aqueles que têm animais que estejam passando mal, para além dos cuidados necessários em relação aos bichinhos, é necessário que procurem uma delegacia", orienta.

Nas redes sociais, tutores têm alertado para o consumo dos produtos. Entre um dos relatos, está o de Nayele de Freitas. A usuária informou que ofereceu um osso chamado "Everyday" no dia 31 de julho.

"Meu cachorro comeu esse petisco/osso e, no mesmo dia, entrou em um quadro de insuficiência renal aguda. Foi devidamente acompanhado por uma nefrologista e ficou na UTI esperando vaga para hemodiálise, mas não deu tempo. Surreal ligar na empresa e saber que o lote comprovado com a intoxicação de etilenoglicol é o que ele comeu", escreveu ela.

Nada no mundo irá compensar a vida do meu cachorro e diminuir uma dor profunda que levarei por todos os dias da minha vida.

Em nota, a Bassar Pet Food afirmou que ser solidária "com todos os tutores de pets, nossos consumidores, parceiros" e que interrompeu a produção da fábrica "até que sejam totalmente esclarecidas as suspeitas de contaminação de pets."

A empresa também está contratando uma empresa especializada para fazer uma inspeção detalhada de todos os processos de produção e do maquinário em sua fábrica, em São Paulo. De modo preventivo, a companhia já estava recolhendo os lotes de duas linhas de alimentos, mas procederá agora ao recolhimento de todos os produtos da empresa nacionalmente, conforme determinação do Ministério da Agricultura, Pecuário e Abastecimento."

Segundo a nota, a empresa enviou "amostras de produtos para institutos de referência nacional para atestar a segurança e conformidade de seus produtos sob investigação", mas ainda não teve acesso ao laudo da Polícia Civil de Minas Gerais.

"Além disso, os fornecedores foram acionados para rastrear todos os seus fornecedores para que façam o rastreamento dos insumos utilizados para afastarem a hipótese de algum tipo de contaminação", diz comunicado.

A empresa ainda orienta que está à disposição para tirar dúvidas sobre os lotes em análise por meio do SAC.

Anteriormente, a Bassar Pet Food havia informado que o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) não havia encontrado nenhuma substância nos produtos. No entanto, a empresa enviou um novo posicionamento alegando que a fábrica paralisou o funcionamento após determinação do MAPA na sexta-feira (2).

Em nota, o órgão federal afirmou que a decisão veio "em razão da suspeita fundamentada de ocorrência de produtos contaminados."

"A princípio os produtos identificados com suspeita de contaminação são o Every Day sabor fígado (lote 3554) e o Dental Care (lote 3467). O recolhimento dos produtos deve ser feito pela empresa e os produtos devem ficam apreendidos nos armazéns da própria empresa", diz comunicado.

Segundo o órgão, "a medida é preventiva e poderá ser alterada em razão das informações que venham a ser obtidas com as investigações que estão sendo conduzidas."

Amostras dos produtos foram encaminhados aos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária do Ministério para análise.

Procurada pelo UOL, a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) informou que um cachorro da raça Sptiz Alemão morreu após ingerir petiscos, na segunda-feira (29). A SSP-SP confirmou também que o caso foi registrado como crime contra as relações de consumo pelo 27º Distrito Policial, no Campo Belo (SP).