'Nunca mais comemoro meu aniversário', diz pai de jovem morta com estilete
"Nunca mais vou comemorar o meu aniversário, porque recebi o pior presente da minha vida." O desabafo é de Antonio do Valle dos Santos, que completou 60 anos no mesmo dia em que a filha foi morta com um golpe de estilete no pescoço. O suspeito é o ex-namorado Anivaldo Galdino dos Santos.
A vítima era a auxiliar de serviços gerais Francislaine de Camargo Santos, 33. Na última quarta-feira, ela foi a um baile no Centro de Tradições Gaúchas, conhecido como "Bailão do Santa Quitéria", no bairro Campo Comprido, em Curitiba (PR). Ela estava com a mãe e uma amiga. No local também estava Anivaldo (49), com quem Francislaine se relacionou por quase três anos.
O pai afirmou ao UOL que já se preocupava com o suspeito. "Eu não estava no baile. A minha mulher também não queria ir, mas para não deixar minha filha ir sozinha, ela acabou acompanhando minha filha com mais uma amiga. Quando chegaram, o ex-namorado já estava lá e elas acharam que ele não iria incomodar. Ele foi até a minha filha, pediu para voltar e ela não quis. Elas não fizeram como aconselhei. Eu falei quatro vezes: 'Se esse cara chegar, venham embora, saiam de lá', só que não me ouviram e perdi a minha filha".
No boletim de ocorrência da Polícia Militar, testemunhas falaram que o homem teria ido embora do baile e voltado em seguida com um estilete. Depois de ver a namorada dançando com outro homem, ele teria acertado ela no pescoço e depois tentou tirar a própria vida.
Há três meses Francislaine decidiu encerrar o relacionamento, mas Anivaldo não aceitava o término.
O pai da jovem diz que o suspeito já havia ameaçado matar a vítima. "Era uma pessoa muito bacana, menos quando bebia. Ele se tornava uma pessoa agressiva, xingava todo mundo e dizia que iria matar ela. Não sei se a amizade dele comigo era falsa, mas eu nunca achava que ele ia matar a minha filha e cumprir o que chegava a prometer."
"Eu falei para ela dar uma queixa na polícia, para dar um basta nisso tudo. Ela nunca procurou ajuda e sempre dizia que se ele a ameaçasse de volta, iria fazer um boletim de ocorrência. Não deu tempo e agora ela está morta", declarou.
Francislaine deixa uma filha de 13 anos, que teve em um outro relacionamento.
Vítima cuidava de crianças com deficiência
Há dois meses, a auxiliar trabalhava no complexo médico Pequeno Cotolengo, que acolhe pessoas com deficiências, em Curitiba. Ela cuidava de crianças doentes e tinha acabado de receber o segundo salário.
"A minha filha tinha recebido o salário e saído para tomar uma cervejinha com a mãe dela. É isso que ela mais gostava: ir na lanchonete e tomar cerveja ou refrigerante, sem atrapalhar ninguém", diz o pai.
Nas redes sociais, Francislaine era bem discreta. Ela tinha dois perfis no Facebook, um deles com o nome Francielly, como também gostava de ser chamada. "Ela amava o nome dela e dizia que ninguém tinha um igual, mas gostava de colocar nomes mais curtos na internet para facilitar o contato", diz Antonio.
A jovem não atualizava muito os perfis e as poucas fotos que publicava eram da filha.
Investigações em andamento
Anivaldo permanece internado em estado grave no Hospital Evangélico, em Curitiba, sob escolta da Polícia Militar. Caso ele sobreviva, será preso em flagrante pelo crime.
O caso poderá ser considerado como feminicídio, mas ainda não há detalhes sobre qual será a linha de investigação. "Em primeiro momento, a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa de Curitiba foi acionada. Mas tudo vai depender do estado de saúde do indivíduo para dar continuidade ao flagrante", afirma em nota a Polícia Civil do Paraná.
Procurada pelo UOL, a Polícia Civil diz que ainda apura o caso e que, por enquanto, o delegado responsável pelo caso não vai dar entrevista. Os familiares do suspeito foram procurados, mas não vão falar sobre o assunto.
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.
Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e através da página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.
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