Topo

Esse conteúdo é antigo

Mulher sofre infarto e morre após PM invadir sua casa por engano no Acre

Maria Ivanuza Ferreira Lima, de 53 anos, morreu após sofrer um infarto - Arquivo Pessoal
Maria Ivanuza Ferreira Lima, de 53 anos, morreu após sofrer um infarto Imagem: Arquivo Pessoal

Simone Machado

Colaboração para o UOL

13/09/2022 13h30Atualizada em 13/09/2022 15h58

A funcionária pública Maria Ivanuza Ferreira Lima, 53, passou mal e morreu após ter a casa invadida por policiais militares que procuravam por suspeitos de um assalto em Rio Branco, no domingo (11). O filho dela, o operador de supermercado Abimael Ferreira Lima, de 20 anos, procurou a polícia para registrar o caso, que vem sendo acompanhado pela corregedoria da PM.

Abimael relata que ele foi acordado por volta das 3h40 por policiais militares armados, que já estavam dentro da sala da casa onde morava com a mãe. Sem saber o que estava acontecendo, o rapaz conta que ele começou a ser interrogado pelos militares que perguntavam se no imóvel havia eletrodomésticos furtados.

Com o barulho, Maria também teria acordado e ido até a sala ver o que estava acontecendo. Ao se deparar com os militares armados e interrogando seu filho, a mulher teria ficado bastante nervosa.

"Quando ela saiu do quarto dela e veio para sala e viu os policiais, ela ficou desesperada, porque ninguém estava entendendo o que estava acontecendo para os policiais terem pulado o muro e entrada na minha casa", recorda Abimael.

Ainda segundo Abimael, três militares entraram no imóvel e outros ficaram na calçada em frente à residência. A funcionária pública teria ido então até o quintal para abrir o portão para os policiais que aguardavam do lado de fora. Nesse momento, a mulher teria passado mal e desmaiado.

"Ela estava muito nervosa e quando foi para o quintal caiu desacordada. Logo os policiais começaram a fazer a massagem cardíaca e chamara o Samu. Os médicos tentaram reanimá-la por mais de 10 minutos, mas ela não resistiu e morreu ali no quintal mesmo. Foi horrível", lamentou ele.

Após a mãe passar o mal, o filho afirma que outro policial que estava na parte de fora do imóvel disse: "Não é esse aí" — fazendo referência de que Abimael não era o suspeito que eles procuravam.

Maria foi sepultada ontem, em Vila Campinas, distrito do município de Plácido de Castro, interior do estado.

"É traumatizante ver a pessoa que a gente ama naquela situação. Nunca tivemos nenhum problema com a Justiça ou tivemos que ir a uma delegacia. A gente nunca espera nada assim, ainda mais vindo da polícia, que era para estar ali nos dando segurança. Acredito que seja uma minoria que haja assim, mas isso não pode acontecer novamente com outras famílias", diz Abimael.

Bem de saúde

Ainda segundo Abimael, sua mãe era uma pessoa saudável, não tinha problemas de saúde e nem usava medicamentos.

Maria era formada em geografia e trabalhava na secretaria de uma escola do bairro.

"Ela não tinha pressão alta, diabete, nada. Era uma mulher saudável e que todos gostavam muito, seja no bairro ou na escola onde ela trabalhava", afirma o filho.

Outro lado

Em nota, o Comando da Polícia Militar do Acre informou que até o momento não houve o afastamento de policiais militares, porém, a Corregedoria-Geral da corporação instaurou um procedimento para apurar o caso. A nota também dá uma nova versão para o caso.

"O fato ocorreu durante um patrulhamento no conjunto Santa Cruz, no qual os policiais militares avistaram, no quintal de uma residência, um homem que aparentava estar prestes a cometer ato ilícito. Ao ver a guarnição, o indivíduo correu em direção aos fundos da residência, momento em que os militares iniciaram buscas, chegando a uma residência vizinha", diz o comunicado.

A polícia afirma que agentes questionaram se a mulher e o filho se poderiam entrar no local para averiguação. "Enquanto a mulher conversava com um dos policiais no portão da casa, ela veio a desmaiar nos braços de um dos policiais que estava no local. De imediato, os militares acionaram o Samu e iniciaram os primeiros socorros, que duraram cerca de 12 minutos, até a chegada do Samu", adiciona a corporação.

"Ressaltamos que os policiais militares envolvidos no atendimento da ocorrência realizaram todos os procedimentos possíveis para reanimar a senhora que, posteriormente, foi a óbito. A PMAC lamenta profundamente o ocorrido e reafirma seu compromisso com a vida, com o povo acreano e com a lei", conclui o comunicado.