Topo

Esse conteúdo é antigo

'Aposentadoria' e presentes: como vivia o ganhador da Mega-Sena morto em SP

Jonas Lucas Alves Dias, ganhou prêmio com aposta simples, de 6 números, em 2020 - Reprodução/Facebook
Jonas Lucas Alves Dias, ganhou prêmio com aposta simples, de 6 números, em 2020 Imagem: Reprodução/Facebook

Laís Seguin

Colaboração para o UOL, em Piracicaba (SP)

16/09/2022 13h27Atualizada em 16/09/2022 14h32

Apesar de ter sido premiado com R$ 47,1 milhões da Mega-Sena em 2020, Jonas Lucas Alves Dias, 55, morto com sinais de espancamento em Hortolândia, no interior do estado de São Paulo, manteve uma vida "simples", segundo os vizinhos, e não se importava em cuidar da própria segurança. A rotina humilde incluía idas diárias a um bar e alguns presentes a amigos em necessidade, segundo relatos de pessoas próximas a Jonas.

Jonas era vendedor de uma loja de ferramentas e utilizou o dinheiro que recebeu da loteria para não exercer mais a função. O comércio era de propriedade dele com mais dois sócios e ele saiu do negócio em março deste ano, de acordo com a Polícia Civil. Os homens eram amigos de Jonas desde antes do prêmio e firmaram a sociedade após ele ganhar.

Ganhador da Mega-Sena, Jonas continuou a morar na mesma casa, em um bairro popular de Hortolândia, com uma irmã e um irmão. Os familiares não quiseram dar entrevistas e cogitam deixar a cidade de 220 mil habitantes. O único grande investimento dele foi a aquisição de uma chácara em Conchal, também no interior de São Paulo. Ele também frequentava os mesmos locais a que ia antes de se tornar milionário, como um bar nos arredores, onde costumava tomar meia dose de conhaque e cervejas, segundo o jornal O Estado de S. Paulo.

A rotina de Jonas consistia em fazer uma caminhada pela manhã e conversar com os vizinhos. Em entrevista ao jornal O Liberal, uma vizinha, que não quis se identificar, por medo, disse que Jonas "era uma pessoa extremamente boa, humilde e não tinha malícia. Saia de casa sempre com roupas simples, bermuda, camiseta e chinelo". Ela conta ainda que não era raro quando o via sem os sapatos pela rua, como quem não se preocupava com a aparência.

O ex-vigia Jonas Rocha, de 68 anos, afirmou ao jornal O Estado de São Paulo que ele havia comprado medicamentos para um amigo em tratamento de câncer. Além disso, deu um caminhão no valor de R$ 450 mil para um amigo de infância.

Os moradores da região onde Jonas morava relatam ainda a falta de discrição dele em relação ao prêmio, ao se referir à fortuna como uma "uma aposentadoria gorda".

"As pessoas do bairro sabiam que ele ganhou na loteria, mas isso não o preocupava, já que sempre tratou a todos com respeito e sem distinção", disse um dos amigos da vítima, Francisco Eudes, à Band. Por outro lado, "todo mundo achava perigoso ele andar sozinho com uma história tão conhecida", relatou a balconista Jane Ferreira, ao jornal O Estado de S. Paulo.

Segundo a delegada Juliana Pereira Ricci, da Deic (Divisão Especializada em Investigações Criminais) de Piracicaba, responsável pelo caso, como Jonas não era casado e não tinha filhos, o núcleo próximo da vítima era formado por amigos e as informações obtidas com eles são importantes para a investigação. "Toda investigação tem início pela família da vítima, isso é natural, mas não significa que a família é suspeita", comentou ela, em coletiva de imprensa.

Como está o caso?

Jonas saiu de casa na manhã de terça-feira (13) para fazer sua caminhada de rotina. Ele não foi mais visto com vida e, de acordo com a delegada, há a possibilidade de ele ter ficado refém dos sequestradores por aproximadamente 20h. O corpo dele foi encontrado na quarta-feira (14).

"Como se trata de uma pessoa com uma condição financeira alta, já partimos do pressuposto de que o crime tenha sido causado por esse motivo. Mas também pode ser uma pessoa descontente que não foi agraciada, já que ele ajudou alguns pouquíssimos amigos logo depois que ganhou o prêmio", disse a delegada.

A Polícia Civil trabalha para identificar a autoria do crime. A investigação tenta descobrir como e quando foi a abordagem, quantas pessoas estão envolvidas, se os responsáveis pelo crime são da região ou não, e por quanto tempo planejaram para agir.