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'Não tive reação', diz adolescente agredido por médico em hotel em SP

Estudante de 14 anos disse que médico gritava que "estava estudando" enquanto batia nele - TV Globo/Reprodução
Estudante de 14 anos disse que médico gritava que 'estava estudando' enquanto batia nele Imagem: TV Globo/Reprodução

Do UOL, em São Paulo

25/09/2022 23h26Atualizada em 26/09/2022 07h49

O adolescente de 14 anos que foi agredido por um médico residente de 26 dentro de um hotel em São Paulo afirmou que ficou em choque quando começou a ser golpeado por ele.

"No momento em que ele chegou perto e me agarrou, eu parei de pensar. Não tive reação. Não corri porque estava em choque", afirmou Guilli Neuman em entrevista ao Fantástico, da TV Globo.

Ele contou que estava hospedado com um amigo no nono andar do hotel Travel Inn Ibirapuera, mas subiu para o décimo para encontrar colegas que estavam em outro quarto.

"A gente sentou e ficou lá conversando, depois saiu do quarto deles e eles não queriam abrir a porta de novo. Eu falei para meu amigo: 'Vamos embora e a gente encontra eles lá embaixo', mas meu amigo voltou e ficou na porta esperando eles abrirem. Eu comecei a rir", lembrou.

Nesse momento, Guilli passou a ser agredido por Lucas Rolim Valoni, que é natural do Paraná e está morando no hotel desde o começo de setembro para cumprir um estágio em cirurgia geral no Hospital Universitário Cajuru, na capital paulista.

Segundo o adolescente, enquanto o agredia, o médico gritava que estava estudando. Após usar até mesmo o chinelo de Guilli para bater nele, o médico ordenou que ele descesse e pegasse outro cartão para que ele conseguisse acessar o quarto novamente.

"Como eu não sou bobo nem nada, eu desci e chamei o segurança", afirmou o adolescente ao Fantástico. Segundo ele, após o segurança ser acionado, o médico chegou a pedir desculpas para ele. "Os seguranças não deixaram ele encostar em mim", relembrou.

Em nota, o hospital universitário afirmou que uma sindicância foi aberta para apurar os fatos. A defesa de Lucas afirmou ao Fantástico que o médico trabalhou o dia inteiro na terça-feira (23) em um ambiente de alta tensão e disse que o "nível de stress elevado do médico disparou o exercício arbitrário das próprias razões" e teria motivado a agressão.

Como justificativa, a defesa também disse que os adolescentes estavam "gritavam pelos corredores, batiam nas portas e tocavam campainhas".

Relembre o caso

A agressão sofrida por Guilli, aluno da escola Eliezer Max, do Rio de Janeiro, foi registrada por câmeras de segurança do hotel na terça-feira (23).

O estudante estava hospedado no hotel com colegas de classe, participando de uma excursão à capital paulista.

Nas imagens, é possível ver o adolescente brincando com um colega no corredor do 10° andar do hotel Travel Inn Ibirapuera, que fica na rua Borges Lagoa, na Vila Clementino. De repente, o homem abre a porta do quarto onde estava hospedado e segura um dos meninos pela camiseta, empurrando-o contra a parede.

Na sequência, ele imobiliza o rapaz com o braço e inicia uma sequência de tapas na cabeça e no rosto. Depois, o homem pega o chinelo e volta a bater no rosto e na cabeça do jovem. Por fim, após conseguir se desvencilhar, o estudante recebe um último golpe na cabeça.

Como se pode ver pelas câmeras de segurança, as agressões aconteceram às 20h04. Uma fonte ligada ao hotel informou que, logo após as agressões, o jovem procurou os seguranças do estabelecimento e ligou para os pais no Rio de Janeiro.

Em nota, a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) informou que o caso foi registrado como lesão corporal pelo 27º Distrito Policial (Campo Belo) e encaminhado ao 16º Distrito Policial (Vila Clementino), responsável pela área, que prossegue com as investigações.

Um parente do garoto, que é advogado, está na capital paulista nesta quarta-feira (21) para acompanhar os desdobramentos do caso. O jovem deve passar por um exame de corpo de delito.

Em nota encaminhada à imprensa, a escola carioca Eliezer Max disse que está "focada em garantir a segurança do aluno". A instituição de ensino afirmou também que "atua com a família para a responsabilização do agressor".

Em nota ao UOL, a rede de hotéis Travel Inn afirmou que os responsáveis pela unidade do Ibirapuera tomaram "todas as providências para acolher e proteger o estudante agredido" após serem notificados sobre a agressão.

"A gerente do hotel, se prontificou a dar todo o suporte necessário no encaminhamento e denúncia do agressor à Polícia Civil, bem como o acompanhamento com os responsáveis pelo menor em depoimento na delegacia de polícia. Para contribuir com as investigações, após a denúncia efetivada, o hotel Travel Inn Ibirapuera apresentou as imagens das câmeras de segurança do local a polícia, além de estar à disposição das autoridades para quaisquer outras informações, se necessárias", completou o comunicado.