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Operação no RJ tem 5 mortos e bloqueia vias; motoristas têm de se esconder

Pietra Carvalho e Marcela Lemos

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL, no Rio

26/09/2022 08h20Atualizada em 26/09/2022 13h53

Aumentou para cinco o número de mortos em operação policial realizada hoje no Complexo da Maré, na zona norte do Rio, segundo a Polícia Militar.

Moradores relataram tiroteio intenso na região, com bloqueios nas linhas Vermelha e Amarela —duas das principais vias do Rio, onde motoristas chegaram a descer dos carros e deitar no chão para se proteger das balas. Ao menos 35 escolas da região estão fechadas, e a UFRJ suspendeu as aulas na Cidade Universitária.

Em nota ao UOL, a Polícia Militar do Rio, que faz a operação em conjunto com a Polícia Civil, afirmou que os cinco mortos eram suspeitos que ficaram feridos em confronto com os agentes. Os homens —cujas identidades não foram divulgadas— chegaram a ser levados ao Hospital Federal de Bonsucesso.

Ainda de acordo com a PM, outros três homens feridos têm mandado de prisão em aberto. Os casos seguirão para a Delegacia de Homicídios da Capital.

Na ação, a corporação relatou a prisão de 19 pessoas e apreensão de quatro fuzis, uma pistola, uma réplica de arma de pressão/ar comprimido, uma granada, cerca de uma tonelada de maconha, 50 pés de maconha, 48 frascos de lança-perfume e 20 carros e motocicletas roubados recuperados.

'Parecia que os tiros eram dentro de casa'

Um comerciante —que trabalha na Vila do João e pediu para não ter o nome divulgado— disse que foi avisado por moradores sobre o tiroteio logo cedo.

"Eu me sinto extremamente prejudicado, tem conta para pagar e, como autônomo, a gente nunca sabe o dia de amanhã e isso aí prejudica muito. O que eu peço é que isso seja resolvido logo, para não nos atrapalhar ainda mais, principalmente depois de uma crise [de covid-19]."

Outra morada, da região da Baixa do Sapateiro, disse que os tiros começaram por volta de 5h e que foi impossível sair para trabalhar.

Parecia que os tiros eram dentro de casa. Não tem como sair. Minha vida vale mais que o meu trabalho. Bala voando baixinha. Um desrespeito com a gente."
Moradora da Maré

Serviços fechados

Ainda segundo a PM, o objetivo da ação seria combater as "tentativas de investidas de uma facção criminosa contra outra" dentro da Maré. Integrantes do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), parte da elite das polícias, estão na Vila do João e na Vila dos Pinheiros.

Ao comentar a interdição do trânsito nos arredores da comunidade, a PM afirmou que os agentes agiram "preventivamente" para "resguardar usuários da via".

O COR (Centro de Operações) da Prefeitura do Rio de Janeiro recomenda a avenida Brasil como alternativa para usuários das linhas paralisadas.

A Secretaria Municipal de Educação informou que 35 unidades escolares da região da Maré estão fechadas e prestando atendimento remoto para garantir a segurança de alunos e funcionários.

"É importante lembrar que a Secretaria Municipal de Educação, em parceria com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, instituiu o Programa Acesso Mais Seguro em unidades localizadas em áreas de conflito. O programa tem como objetivo mitigar riscos por meio de protocolos que são aplicados por professores, alunos e toda a comunidade escolar em situações de risco", informou, em nota.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o Centro Municipal de Saúde Vila do João e as clínicas da família Augusto Boal, Adib Jatene e Jeremias Moraes da Silva, localizadas na região da Maré, também interromperam o funcionamento na manhã de hoje.