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Operação na Maré: 'Parecia que os tiros eram dentro de casa', diz moradora

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

26/09/2022 11h03Atualizada em 26/09/2022 13h48

Moradores relataram intensos sons de tiros e tiveram de faltar ao trabalho, devido a uma operação das Polícias Militar e Civil no Complexo da Maré, que deixou ao menos cinco mortos na manhã de hoje, no Rio de Janeiro.

Em nota ao UOL, a Polícia Militar do Rio afirmou que as três pessoas mortas eram suspeitos que entraram em confronto com os agentes. Eles chegaram a ser levados ao Hospital Federal de Bonsucesso, mas não resistiram aos ferimentos. Com eles, teriam sido apreendidos dois fuzis, uma pistola e uma granada. Um quarto suspeito, que tem mandado de prisão em aberto, também foi ferido, mas chegou com vida ao hospital.

Uma morada da região da Baixa do Sapateiro disse que os tiros começaram por volta de 5h e que foi impossível sair para trabalhar.

"Parecia que os tiros eram dentro de casa. Não tem como sair. Minha vida vale mais que o meu trabalho. Bala voando baixinha. Um desrespeito com a gente", afirmou ela, que pediu para não ser identificada.

Um comerciante que trabalha na Vila do João e pediu para não ter o nome divulgado disse que foi avisado por moradores sobre o tiroteio logo cedo.

"Eu me sinto extremamente prejudicado, tem conta para pagar e como autônomo, a gente nunca sabe o dia de amanhã e isso aí prejudica muito. O que eu peço é que isso seja resolvido logo, para não nos atrapalhar ainda mais, principalmente depois de uma crise [de covid-19].

PM diz agir 'preventivamente'

Segundo a PM, o objetivo da ação seria combater as "tentativas de investidas de uma facção criminosa contra outra" dentro da Maré. Membros do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e da CORE (Coordenadoria de Recursos Especiais), parte da elite das polícias, estão na Vila do João e na Vila dos Pinheiros.

Ao comentar a interdição do trânsito nos arredores da comunidade, a PM afirmou que os agentes agiram "preventivamente" para "resguardar usuários da via".

O COR (Centro de Operações) da prefeitura do Rio de Janeiro recomenda a Avenida Brasil como alternativa para usuários das linhas paralisadas.

A Secretaria Municipal de Educação informou que 35 unidades escolares da região da Maré estão fechadas e prestando atendimento remoto para garantir a segurança de alunos e funcionários, em decorrência de operações policiais na área.

Segundo a secretaria municipal de Saúde, o Centro Municipal de Saúde Vila do João e as clínicas da família Augusto Boal, Adib Jatene e Jeremias Moraes da Silva, localizadas na região da Maré, também interromperam o funcionamento na manhã de hoje.

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