Mãe vai para o bar e deixa filha de 5 anos sozinha por 12h com fome e sede

A Polícia Militar resgatou hoje uma criança de 5 anos que foi deixada sozinha, sem água e comida, dentro do apartamento onde morava com a mãe, em Campinas (SP). Segundo a Polícia Militar, a mãe cria a criança sozinha e foi encontrada embriagada em um bar, onde foi presa em flagrante por abandono de incapaz.

De acordo com a PM, os agentes foram acionados por volta das 12h30. A denúncia anônima informava que a menina estava sozinha no apartamento, que fica na Vila Padre Anchieta, periferia da cidade.

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Quando os policiais chegaram ao condomínio, que não tem portaria, demoraram aproximadamente 20 minutos para conseguir entrar no apartamento.

"Uma vizinha permitiu a nossa entrada no conjunto, mas a casa estava trancada. Alguns minutos depois, outra vizinha apareceu com a chave", afirma o soldado Leandro Santos, da Polícia Militar, que atendeu a ocorrência.

Segundo o boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil, a vizinha foi buscar a chave com a mãe da garota, de 38 anos, que estava em um bar, praticamente ao lado do conjunto de prédios.

Quando os policiais entraram, encontraram a garota deitada em uma cama. A TV estava ligada. Ao ver os PMs, a menina ficou assustada.

"Ela não quis falar nada. Tivemos que fazer um trabalho de convencimento para que ela ganhasse nossa confiança. Só aí ela contou que dormiu na noite anterior com a mãe em casa. E, quando acordou, não a viu mais", acrescentou o soldado.

Com fome e sede, os policiais deram água e duas bananas para a garota. Nesse meio tempo, a corporação foi informada que a mãe estava no bar. Chegando lá, encontraram a mulher embriagada, nervosa e agressiva.

A mãe da criança disse aos policiais que saiu de casa por volta das 4h de hoje porque "precisava beber". Vizinhos disseram, conforme relatos no boletim de ocorrência, que ela é viciada em álcool.

A avó da criança também foi chamada. As três foram levadas à 2ª Delegacia Seccional de Campinas. A mãe da criança já havia sido autuada, no mês passado, por maus-tratos. As informações do pai da criança, que não participa da criação, são desconhecidas pela polícia.

O delegado Bruno Geraldo Rosa decretou prisão em flagrante por abandono de incapaz e uma fiança de um salário mínimo (R$ 1.212), que não foi paga. A criança vai ficar com a avó, que tem condições de mantê-la.

A reportagem não localizou a defesa da mulher, que não tinha advogado constituído pela Defensoria Pública de São Paulo até a publicação deste texto.

Conselho Tutelar não compareceu ao apartamento

O soldado Santos informou que, durante a ocorrência, ligou para o Conselho Tutelar da região Norte, responsável pelo bairro onde o caso aconteceu. Mesmo depois de falar com três pessoas, ninguém compareceu ao apartamento.

"Eles se recusaram. Perguntaram se a criança estava bem e se tinha alguém com condições de cuidá-la", reclamou.

Em nota, o Conselho informou que, em casos em que a criança tem parentes com condições de se responsabilizar pelos cuidados, apenas um relato é encaminhado ao órgão.

"Uma pessoa que se identificou como policial militar entrou em contato. Após conversa com a avó da criança, que disse ter condições de cuidar dela, informamos ao cidadão que se identificou como policial a dar seguimento ao registro de suposto ilícito penal de abandono de incapaz", acrescenta.