'Amarela está encostada': política põe camisa azul da seleção no pódio
As camisas amarelas da seleção canarinho desbotam no comércio popular. Associada à política, a cor até então favorita para torcer na Copa do Mundo já não ganha mais o brasileiro — pelo menos não na Rua 25 de março, no centro de São Paulo.
Às vésperas da eleição e a menos de um mês da Copa, a preferência no comércio popular tem outra cor: "a azul sai mais do que a amarela", garante o ambulante Izaías Felipe, 25. Nas contas de Izaías, de cada 10 camisas que vende, 5 são azuis, 3 são amarelas e 2 são brancas — ele vende cerca de 50 camisas por dia.
A estatística se repete ao longo da 25 de março — outros sete comerciantes apontaram o mesmo padrão, com vantagem até mais larga para a azul. A tendência de agora destoa da registrada em outros anos de Copa, quando a camisa canarinho era preferência nacional.
A proximidade do torneio com as eleições ajudou a confundir as vendas, segundo os ambulantes, e aumentou a rejeição ao amarelo.
O verde-e-amarelo da bandeira do Brasil vem sendo usado pelo presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) como marca de seu governo. Em manifestações e até no dia da votação, eleitores de Bolsonaro são encorajados a vestir a camisa amarela da seleção.
"A maioria leva azul porque não quer a amarela do Bolsonaro", diz Ingrid Souza, 24, que também vende blusas no maior centro de comércio popular do Brasil.
"Tomaram posse da verde e amarela para o lado deles", criticava o comerciante Rodolfo Paiva, 36, que, apesar de não votar em Bolsonaro, ama a camisa tradicional. "Aqui, a amarela está encostada."
Os vendedores dizem ouvir dos clientes que o motivo de buscar a camisa azul é a política. Nem todos que compram a azul são contrários a Bolsonaro — alguns apenas querem evitar brigas ou importunação na rua.
"Não quero ser confundido com bolsonarista, mas quero curtir a Copa", dizia o aeronauta Leandro Dias Simões, de 46 anos, enquanto buscava uma camisa azul da seleção na 25 de março. Ele também olhava as opções pretas e brancas.
Simões tem uma blusa amarela, mas vai manter guardada na gaveta.
Os vendedores lamentam a mistura entre Copa e eleição — o que, segundo eles, em nada ajuda nas vendas. Pela primeira vez, o torneio esportivo é realizado no fim do ano, coincidindo com a reta final de um dos pleitos mais acirrados do país.
"Tem que esperar passar a política para o povo se envolver na Copa", afirma o ambulante Aldo Correia, de 56 anos, que também vende adereços dos candidatos na reta final do segundo turno e é apoiador declarado de Bolsonaro.
"Se vota em Lula, compra azul para não arrumar confusão, mas não tem nada a ver. É a bandeira do Brasil."
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