No banco dos réus, Flordelis chora ao ver mãe, e advogados fazem 'barreira'
Antes do início do julgamento que a acusa de ser mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, a ex-deputada federal e pastora evangélica Flordelis chorou e reagiu balançando negativamente a cabeça enquanto ouvia os crimes imputados a ela. A defesa da ré fez uma espécie de barreira à sua volta para que Flordelis não fosse fotografada.
Com previsão de durar ao menos dois dias, o julgamento começou às 11h de hoje na 3ª Vara Criminal de Niterói (RJ). O choro da ex-deputada começou quando sua mãe, Calmozina Motta, aproximou-se do banco dos réus e falou brevemente com a filha. Simone dos Santos Rodrigues, neta de Calmozina e filha de Flordelis, também chorou ao ver e ouvir a avó.
Simone foi amparada por uma advogada. Além de Simone e Flordelis, também são réus no julgamento de hoje a neta Rayane dos Santos Oliveira; e os filhos afetivos André Luiz de Oliveira e Marzy Teixeira da Silva.
O momento do encontro de Flordelis com a mãe não teve registro de imagem porque os cinegrafistas e fotógrafos só puderam atuar por dez minutos, antes do início da sessão. Contudo, os advogados da ex-deputada formaram uma espécie de "barreira" no banco dos réus, dificultando vídeos e fotos de Flordelis, seus filhos e neta.
Os sete jurados foram sorteados pouco antes do início da sessão. Entre os 30 pré-escolhidos, foram sorteados quatro homens e três mulheres, que acompanham o julgamento.
Flordelis perdeu o mandato na Câmara dos Deputados justamente por ser ré no caso. Presa desde agosto de 2021, a ex-deputada responde por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio, associação criminosa, uso de documento falso e falsidade ideológica.
Enquanto a juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce lia a denúncia do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), a ex-deputada —que agora usa cabelos curtos e loiros— ficou de cabeça baixa, sem conversar com os filhos ou advogados.
Nos momentos em que a juíza relatava os crimes narrados na denúncia, Flordelis balançava a cabeça negativamente. Ela reagiu de forma mais firme, principalmente, quando se falou sobre a influência que ela exerceu sobre os filhos —a ponto de eles também serem acusados de matar o pai— e sobre a suspeita de envenenamento da comida de Anderson.
Discussão sobre mensagens. Após mais de duas horas do depoimento da delegada Bárbara Lomba, responsável pela investigação do caso, os promotores e a defesa de Flordelis travaram uma discussão.
Em uma pergunta feita pelos promotores à delegada, mensagens de WhatsApp foram lidas para contextualizar o envolvimento de um dos filhos de Flordelis.
Os advogados da ex-deputada alegaram que as mensagens estavam adulteradas e exigiram que fossem exibidas as originais, extraídas do programa de computador utilizado pelas autoridades policiais.
A juíza permitiu, depois de muita discussão, que as mensagens originais fossem exibidas. Contudo, o programa demorou a carregar na tela do tribunal, o que fez a magistrada permitir a leitura dos prints.
Sob protestos do advogado Rodrigo Faucz, a juíza permitiu que o MP-RJ continuasse as perguntas e avisou o defensor de Flordelis: "Quando o senhor tiver a palavra, o senhor contesta".
Réus alegam inocência. O pastor foi assassinado em 16 de junho de 2019 com mais de 30 tiros quando chegava na casa da família em Pendotiba, Niterói (RJ).
Os filhos julgados na mesma audiência respondem por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa armada. A neta responde por homicídio triplamente qualificado e associação criminosa armada. Os acusados alegam ser inocentes.
Durante todo o processo, Flordelis negou ter qualquer ligação com a morte do marido. Em live realizada por ela horas antes de ser presa, a pastora reafirmou sua inocência.
"Caso eu saia daqui hoje, saio de cabeça erguida porque sei que sou inocente. Todos saberão que sou inocente, a minha inocência será provada e vou continuar lutando para garantir a minha liberdade, a liberdade dos meus filhos e da minha família, que está sendo injustiçada".
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