Topo

Esse conteúdo é antigo

RJ: PM que matou colega à queima-roupa foi 'frio e desajustado', diz juiz

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

18/11/2022 09h16Atualizada em 18/11/2022 13h01

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decretou a prisão preventiva do policial militar Jonas Barreto Santos, preso em flagrante na quarta-feira (16), após atirar à queima-roupa e matar um colega de farda em um bar localizado no interior de um condomínio em Irajá, na zona norte da cidade. Ontem, a mulher da vítima disse ao UOL que o marido chegou a dizer que uma desavença antiga com o PM "já passou", pouco antes de ser baleado.

Ao determinar a prisão preventiva em audiência de custódia, o Juiz Bruno Rodrigues Pinto, da 3ª Vara Criminal do Rio de Janeiro afirmou que o policial militar agiu "de forma fria e possivelmente premeditada (...), revelando a personalidade extremamente violenta e desajustada do custodiado, o qual, principalmente, em razão de ser policial militar, deveria zelar pela paz social e pela segurança alheia, e não o contrário."

O UOL entrou em contato com o escritório de advocacia responsável pela defesa de Jonas por telefone, mas as ligações não foram atendidas. O espaço segue aberto para posicionamento.

A vítima, Sandro da Rocha Mariano, estava em uma mesa na companhia da mulher, de uma vizinha e do filho de três anos, que presenciaram o crime. Imagens de uma câmera de segurança do local obtidas pelo UOL mostram o momento em que Jonas se aproxima do policial e dispara um tiro no peito.

A esposa de Sandro, Juliana Silva, disse que o policial se aproximou do marido e disse: "Lembra de mim?", antes de efetuar o disparo. Os dois já haviam se desentendido há três anos, quando um cachorro da família de Jonas teria avançado em Juliana.

"Quando meu filho ainda era bebezinho, a Rafaela - mãe, esposa, filha, não sei desse rapaz -, deixou o cachorro solto e ele avançou em mim e no meu filho. Ele [Sandro] botou o pé para nos proteger e ela, alterada, xingou ele de todas as formas, nisso o filho deles chamou o pai que veio correndo querendo agressão e eu me meti no meio dos dois", contou a viúva.

Esposa cita papo no dia do crime

Ontem, no IML (Instituto Médico Legal), Juliana contou que no dia do crime notou que uma das integrantes da família de Jonas, Rafaela, estava presente no condomínio com "uma fisionomia esquisita".

Ela revelou um diálogo que teve com o marido:

Juliana: "Olha, amor!"
Sandro: "Quem?"
Juliana: "Aquela menina da confusão do cachorro"
Sandro: "Ah, Juliana! Isso já passou. Olha quanto tempo tem isso"

Sandro foi morto 40 minutos após a conversa com a esposa, que acredita em vingança premeditada.

"Ele esperou encontrar o Sandro em um momento vulnerável para agir. Não sei como vai ser daqui para frente a vida do meu filho. Era uma criança que dormia fazendo carinho na orelha do pai", lamentou a viúva.

A vizinha Sueli dos Anjos, que estava com a família no momento do crime, disse ao UOL que Jonas disparou mais duas vezes contra a vítima após elas saírem correndo.

"Foram três tiros. Quando saímos correndo, ele deu mais dois. Foi no memento que ele o abraçava", disse a testemunha.