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Homem é morto por vizinho após soltar fogos: 'Queria comemorar as vitórias'

Do UOL, em São Paulo

04/01/2023 19h42Atualizada em 04/01/2023 19h42

Um homem foi morto por uma espingarda de pressão pelo próprio vizinho após soltar rojões para comemorar as superações da família no último ano. Francisco Nicolas Lopes Filho, 38, chegou a ser socorrido pela família, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. O caso ocorreu na segunda-feira (2), em condomínio na Vila Balneária, em São Bernardo do Campo, Região Metropolitana de São Paulo.

Segundo a irmã de Francisco, a professora de hipismo clássico Juliana Nicolas Lopes, 36, a família passou por muitos desafios nos últimos meses e, com a virada do ano, queriam comemorar as vitórias.

"Eu tive um ano difícil, minha mãe está com câncer, a mãe de um amigo de infância ficou internada no fim do ano e eu chamei esse amigo aqui para comemorar com nossos familiares e os sobrinhos de um amigo nosso que faleceu recentemente. Tivemos um ano difícil, passamos e superamos. Falei para ele: 'a gente merece comemorar", disse ela em entrevista ao UOL.

A família então começou a soltar os rojões, quando o vizinho, identificado como Mário D' Amore, 74, saiu de casa armado, questionando o barulho. "Comecei a filmar tudo. Coloquei o telefone para gravar porque ele estava com uma arma na mão, coloquei o celular na cintura. Ele apontou a arma para a minha filha, para mim, para o meu irmão, pro meu amigo. Disse para todo mundo deitar no chão. Pensei que ele ia matar a todos."

No vídeo, é possível ver que o homem se aproxima da família já armado.

Familiar 1: Qual o teu problema?
Familiar 2: Atira para cima também.
Vizinho: Quer atirar? Vamos atirar.
Familiar 1: Qual o problema?
Vizinho: Eu tenho animal aí. É proibido atirar. Deita todo mundo no chão.
Eu tenho animal aí, caral***.

Na cena ainda é possível ouvir a filha de Juliana gritando por ela e pedindo socorro, em meio aos sons do tiro.

"Depois que ele efetuou o disparo, ele virou as costas, saiu andando. Eu lembro a minha filha gritar: 'A gente deita, mas não atira'. Eu estava segurando a minha filha atrás de mim. Ele virou as costas e foi pra casa deitar e dormir", conta Juliana.

Os familiares tentaram socorrer Francisco, mas ele acabou morrendo na UPA Riacho Grande. O tiro foi feito com uma espingarda de pressão, munida com chumbinho. Francisco foi atingido na cabeça, segundo a SSP-SP (Secretaria de Segurança de São Paulo).

"Ele era um homem que fazia de tudo pela criançada e pela minha mãe. Ele era quem levava ela no médico, na quimioterapia. Era a estrutura desse lugar todinho. A alegria dele era os sobrinhos. Foi um choque violento porque eu levei meu irmão sangrando para o hospital e cheguei lá coberta de sangue", diz a irmã.

Segundo Juliana, após a morte de Francisco, ela foi informada que o vizinho já tinha ameaçado o irmão anteriormente. "No dia 31 eu soltei alguns fogos com a minha filha. Na delegacia, vieram dois policiais falar com a gente que ele abriu um boletim de ocorrência contra a gente e disse que se visse meu irmão na frente dele iria enchê-lo de chumbo. Eu só fiquei sabendo disso depois de todo o pior que aconteceu."

A arma utilizada no crime foi apreendida e encaminhada PARA perícia. Foram solicitados exames residuográfico e necroscópico.

O caso foi registrado como homicídio e localização/apreensão de objeto no 3°DP de São Bernardo do Campo, que investiga todas as circunstâncias do fato.

O UOL entrou em contato com a empresa em que Mário D' Amore é sócio para saber se a defesa dele foi constituída. O espaço será atualizado assim que houver manifestação.