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Plástica dá errado e goiana é obrigada a passar 4 meses deitada de bruços

Joana Darque, 30, sofre com sequelas de infecção após cirurgia plástica malsucedida  - Reprodução/Facebook
Joana Darque, 30, sofre com sequelas de infecção após cirurgia plástica malsucedida Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

05/01/2023 21h27Atualizada em 05/01/2023 22h02

Joana Darque Montel, 30, ficou com o bumbum deformado após fazer uma cirurgia plástica em uma clínica de Goiânia. A técnica em enfermagem teve uma infecção após fazer o procedimento nos glúteos em 13 de dezembro, retirando gordura da coxa para injetar no local.

A cirurgia foi a terceira que a paciente fez com a mesma médica, Lorena Duarte Rosique, que já teve seu registro para exercer a medicina suspenso pelo conselho goiano por casos anteriores. Segundo Marcelle Montel, sobrinha da vítima, a história entre a tia e a profissional começou em 2021. Na ocasião, Joana colocou próteses de silicone e fez uma abdominoplastia.

"Não ficou boa, ela ficou com muita cicatriz. Então, a médica falou que faria o 'refinamento', mas que teria que esperar um ano. Em 20 de junho de 2022, ela refez a abdominoplastia e o seio, mas ficou pior", afirmou a mulher em entrevista ao UOL.

Apesar da nova frustração com o resultado das cirurgias, que deixaram cicatrizes em sua barriga e a fizeram perder parte das aréolas dos seios, a paciente concordou em passar por um novo procedimento. Nele, ela desejava remover bolsas de gordura que tinham se formado em suas coxas após uma lipo também malsucedida para afinar as pernas.

"Ela disse que tiraria no próprio consultório (a gordura) e colocaria no bumbum. Mas, na verdade, ela fez uma lipoaspiração com anestesia local. Quando minha tia reclamou da dor no pós-operatório, a médica disse que era normal. A situação piorou e em 25 de dezembro ela foi a uma UPA. O médico tentou drenar a parte que estava inflamada, pediu encaminhamento para um cirurgião-geral e ela foi encaminhada ao Hugo (Hospital Estadual de Urgências de Goiás) onde fez uma cirurgia de emergência para drenar toda a infecção", detalhou a sobrinha da paciente.

Apesar do sucesso para retirar o pus dos glúteos de Joana, o tipo de ferimento fez com que os médicos não pudessem fechar a região. Com a região exposta, a técnica de enfermagem, que agora estuda direito, está obrigada a permanecer deitada de bruços, impedida de seguir com sua rotina de estudo e trabalho.

"Sonhos destruídos", diz paciente

Marcelle também destaca que a tia está deprimida e não tem condições de arcar com os custos de novos procedimentos para diminuir as marcas pelo corpo.

"São pelo menos quatro meses sem poder trabalhar, com ferimento aberto. A Joana tem que voltar a fazer procedimentos e é um processo que vai demorar, que ela não tem dinheiro para fazer. Mas o que ficou pior com isso todo foi o emocional dela, ela não quer conversar, não quer comer e tem chorado muito. Ela diz: 'Eu sempre falei que ia ficar uma bonequinha e agora estou acabada'. E era uma parte do corpo dela que ela era apaixonada, e agora nem sei qual o procedimento para retirar a cicatriz", concluiu.

Ao UOL, Joana contou que está com dificuldades para dormir e que está contando com o apoio de familiares em seus cuidados. Abalada, ela preferiu deixar a sobrinha como porta-voz do caso, se pronunciando apenas uma vez, pelo Instagram.

"Meus sonhos foram destruídos, minha vida parou no momento, a tristeza tomou conta de mim. Hoje estou acamada, sem previsão de liberdade para andar, sentar, sair, uma tristeza imensa no meu coração. A única posição que posso ficar é de bruços (barriga para baixo). A coluna vai afetando devido à posição, a respiração fica ruim, o corpo dói, minha alma chora", afirmou a paciente em um post no dia de seu aniversário, há cinco dias.

A Polícia Civil de Goiás confirmou ao UOL que o Boletim de Ocorrência foi registrado pela vítima, mas declarou que o caso está sob sigilo e que o delegado responsável não dará informações à imprensa até conclusão das investigações.

Interditada cautelarmente

Já o Cremego (Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás) informou que a médica Lorena Rosique já havia sido "interditada cautelarmente" em 17 de fevereiro de 2022, após denúncias de outros pacientes sobre problemas com a profissional.

"No mesmo período, o Cremego iniciou os procedimentos para a apuração da conduta profissional da especialista. O processo está em tramitação e, cumprindo o artigo 1º do Código de Processo Ético-Profissional Médico, essa apuração tramita em sigilo", afirmou o órgão.

Apesar da medida, a interdição do registro de Lorena durou apenas até 25 de março de 2022, quando foi revogada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Agora, o caso de Joana entrou para a investigação do Conselho goiano contra a cirurgiã.

O UOL entrou em contato com o advogado da profissional, Octavio Augusto Orzari. Assim que houver retorno, a matéria será atualizada.