Áudios mostram planos de matar concorrentes do 'Faraó dos bitcoins', diz TV
Novos áudios obtidos na investigação do MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) revelam conversas de Glaidson Acácio dos Santos, 38, conhecido como o "faraó dos bitcoins", com parceiros para eliminar concorrentes no mercado de criptomoedas. Os áudios inéditos foram revelados pela GloboNews e mostram outro membro do grupo detalhando o monitoramento de alvos e planejamento de assassinatos.
Já condenado por tráfico internacional de drogas, e acusado de fazer parte da quadrilha do colombiano Pablo Escobar, o parceiro foi apontado como homem de confiança de Glaidson. Ele está foragido e entrou para a lista de procurados da Interpol, a polícia internacional.
"Já planilharam tudo. Rua pra sair, tudo, rua onde não tem câmera, tudo, tudo, tudo", diz o parceiro.
O grupo atuava para eliminar a concorrência na região dos Lagos, no Rio de Janeiro. Em alguns momentos, o parceiro manda vídeos das atividades e atualiza o Faraó em tempo real.
Em outro trecho, o parceiro de Glaidson mostra que trabalha no contato com os assassinos. Na gravação, ele trata do pagamento de pistoleiros: "Pagamento só no final, ok? Agora é só merreca pra aluguel de carro e despesa de dois dias ou três. Só isso".
Para os investigadores, a troca de mensagens indica o sinal verde para uma execução. O áudio de Glaidson diz que "é hoje". "Sextou, pô! Caramba. Sextou, pô! Pelo amor de Deus. É hoje!", diz o Faraó dos Biticoins.
Um dos casos detalhados pela denúncia, foi o planejamento para matar um gerente de banco em Cabo Frio (RJ). Áudios e vídeos enviados para Glaidson mostram o monitoramento da rotina dele e a desistência de assassinato do alvo.
A TV ainda teve acesso a mensagens nas quais os homens contratados como matadores explicam o passo a passo do monitoramento de outra vítima. Neste caso, ele foi poupado porque estava com a família no dia escolhido para o assassinato.
"O trabalho vai ser feito com 100% de segurança, entendeu? O que acontece: ele não largou a esposa e nem a filha hoje. Ficou praticamente direto. Então, com mulher e filha a gente não mexe", diz o assassino contratado pelo grupo.
A reportagem da GloboNews também mostrou que o Faraó dos Bitcoins deve ser transferido a qualquer momento do Rio de Janeiro para o presídio federal de Catanduvas, no Paraná. À TV, a defesa dele negou as acusações e disse que o estado de saúde dele impede a transferência entre estados.
A denúncia de que Glaidson seria o líder de uma organização que tinha armas, empresas de fachada, espiões e até matadores profissionais, incluindo um ex-policial, foi feita pelo MP do Rio em dezembro do ano passado. Além dele, outras 15 pessoas foram denunciadas por organização criminosa.
Ainda em 2021, a Polícia Civil concluiu que o Faraó dos Bitcoins encomendou a morte de um homem que também atuava no ramo de investimentos. O empresário estava passeando em uma BMW em Cabo Frio quando o carro foi atingido por diversos disparos. Ele sobreviveu ao ataque.
Outro alvo, porém, morreu. Um homem de 19 anos foi morto a tiros em São Pedro da Aldeia, também na região dos Lagos, enquanto dirigia um Porsche.
Glaidson está preso desde 25 de agosto de 2021, quando foi alvo de uma operação da Polícia Federal no Rio de Janeiro por operar um sistema milionário de pirâmide financeira. Segundo a PF, a suspeita é de que Glaidson tenha movimentado cifras bilionárias nos últimos seis anos.
Investigações feitas na ocasião apontaram que o empresário prometia lucros de até 10% ao mês nos investimentos de clientes em bitcoins, mas sua empresa, a G.A.S, não investia nas criptomoedas. O dinheiro entregue para alguns dos clientes como suposto lucro das bitcoins, na verdade, vinha da entrada de capital de outras pessoas atraídas pela proposta de investimento.
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