MG: Casal preso culpa criança com deficiência por morte de menino Ian
O casal preso por suspeita de praticar maus-tratos e levar à morte Ian Henrique, 2, em Belo Horizonte, tentou colocar a culpa dos ferimentos em uma outra criança de 4 anos. A menina, uma criança com deficiência, não anda sozinha e tem as pernas engessadas. O garoto foi enterrado ontem em Santa Luiza, sem a presença do pai, que chegou a ter autorização judicial para participar da despedida.
A garota apontada pelo casal é filha da mulher de 34 anos e do companheiro, de 31, que é pai de Ian. Eles estão presos preventivamente depois que o menino foi socorrido ao hospital no domingo (8), com graves lesões na cabeça, e morreu dois dias depois.
A juíza Juliana Beretta Kirche Ferreira Pinto, que determinou a prisão preventiva, porém, considerou que a versão apresentada além de ter "profundas contradições". "Não é crível que a outra criança, gravemente enferma e com debilidades seríssimas, tenha dado golpes com as perninhas engessadas na cabeça e rosto da criança Ian, a ponto de causar sua morte encefálica", diz trecho da decisão.
Anteriormente, quando foram detidos em flagrante, os dois não haviam citado brigas entre as crianças. O casal havia alegado queda acidental no piso da cozinha, causada por sujeira no piso.
A juíza disse que o caso remete à história do menino Henry Borel, que morreu aos 4 anos após sofrer laceração hepática e hemorragia interna causada por ação contundente no Rio de Janeiro. A magistrada defendeu que o caso tenha "aprofundamento das investigações, inclusive o célere resultado da perícia no local do crime e o necessário laudo de necropsia da vítima".
Os depoimentos dos autores são extremamente frágeis, inconsistentes, carecem de credibilidade perceptível ao homem médio, revelando-se a extrema brutalidade das agressões que vitimou a criança Ian, agredida violentamente, ceifando-lhe a vida.
Juliana Beretta Kirche Ferreira Pinto, juíza, em trecho de decisão
Mãe acredita em negligência
Isabela Carolina de Almeida Costa, 27, disse que só foi comunicada de que o filho teria se machucado no sábado (7) quando ele já estava sendo levado ao hospital, no domingo (8). A mãe contou que soube que o menino caiu duas vezes, durante o dia e à noite, e até vomitou repetidas vezes. A madrasta, porém, teria apenas dado um remédio e colocado a criança para dormir.
"Mesmo vendo a situação, ela não chamou o SAMU, não levou para o hospital, não prestou socorro. (...) Na primeira queda já deveria ter levado para o hospital. Eu fui comunicada no momento que ele já estava indo pro hospital", disse Isabela, em entrevista a jornais mineiros nesta terça-feira (11).
A negligência teve ali. Não entra na minha cabeça por que ele não levou o Ian na primeira queda para o hospital.
Isabela Carolina de Almeida Costa, mãe de Ian
A mãe de Ian também disse que tinha pouco contato com a madrasta do filho, por terem brigado em outras ocasiões porque a mulher não aceitaria muito bem a situação. Isabela também afirmou que Ian ainda não falava muito, mas às vezes chorava quando ia para a casa do pai e da madrasta.
"O Ian era muito resistente de ir para a casa do pai. Todos os vizinhos aqui estão de prova. Ele chorava, às vezes o pai vinha buscar e ele agarrava no meu pescoço. Eu não posso falar se ele tinha algo com a madrasta ou com o pai", relatou.
Além disso, sobre outros episódios e ferimentos, Isabela disse que o pai era preocupado, mas que o menino já havia voltado para a casa com machucados e até com o ouvido sangrando.
Entenda o caso
- O casal é investigado por omissão de socorro qualificada.
- O menino Ian foi levado primeiramente ao hospital Risoleta Neves, onde médicos desconfiaram dos ferimentos e acionaram a polícia. Ele foi transferido para o hospital João XXIII, e morreu na terça-feira (10).
- Segundo os médicos, a criança tinha lesões gravíssimas causadas de modo contundente no crânio, nuca e rosto.
- O pai da criança foi encaminhado para o Ceresp (Centro de Remanejamento) Gameleira, e a madrasta para o Presídio de Vespasiano, na região metropolitana de BH.
- "As investigações tiveram prosseguimento pela PCMG desde então, e as diligências prosseguem no sentido de levantar todas as circunstâncias do crime cometido, bem como individualizar condutas e aplicar a responsabilização criminal", diz a nota da polícia.
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