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Valentina e Heloá: Siamesas de 3 anos são separadas após 15h de cirurgia

As gêmeas siamesas Valentina e Heloá, de 3 anos - Divulgação/Zacharias Calil
As gêmeas siamesas Valentina e Heloá, de 3 anos Imagem: Divulgação/Zacharias Calil

Do UOL, em São Paulo

12/01/2023 19h04Atualizada em 13/01/2023 09h13

Duas irmãs siamesas passaram ontem por uma cirurgia de separação que durou cerca de 15 horas, em Goiânia. Valentina e Heloá, ambas com 3 anos, nasceram em Guararema (SP) e eram unidas pela bacia. Com isso, elas dividiam o tórax, abdômen, bacia, fígado, os intestinos delgado e grosso e a genitália.

"Foi uma cirurgia com um grau de dificuldade muito grande porque tivemos que separar os órgãos", explicou ao UOL o cirurgião pediátrico Zacharias Calil, responsável pelo procedimento, que ocorreu no Hecad (Hospital Estadual da Criança e do Adolescente).

Ao todo, foram cerca de 50 profissionais de diversas especialidades que atuaram na cirurgia, uma das mais complexas, segundo o médico.

Valentina saiu da sala de cirurgia às 23h05, enquanto Heloá foi liberada às 00h10, momento em que o processo cirúrgico foi concluído, após 15h do início.

Calil acompanha o caso de Valentina e Heloá há dois anos, quando elas se mudaram para Morrinhos (GO) com a família. A equipe médica já havia realizado algumas intervenções para expandir a pele, o que auxiliaria no procedimento final.

"As gêmeas ganharam peso e cresceram após a última cirurgia de implantação de expansores há cerca de sete meses e isso foi fundamental para dar segurança para nossa equipe realizar mais essa cirurgia de separação", disse Calil.

A cirurgia teve algumas intercorrências, com as gêmeas apresentando alterações nos órgãos internos, principalmente na região pélvica e bexiga. No entanto, segundo o médico, os problemas foram corrigidos no decorrer do processo. "Temos uma grande experiência nesse tipo de cirurgia e, para nós, não foi surpresa encontrar situações inesperadas", disse ele. Com esta, Calil e equipe completam 22 cirurgias de separação de siameses.

O cirurgião ainda explica que, apesar de ter separado alguns órgãos, como o fígado e o intestino, a expectativa é a de que os órgãos regenerem. "Quando dividimos o fígado, há um trauma, mas ele regenera. O intestino, com o tempo, se adapta. Também colocamos uma tela especial para proteger o abdômen, já que elas não têm musculatura. Com o tempo, ela será absorvida pelo próprio organismo. Agora, a etapa é de cuidados no pós-operatório."

As irmãs se encontram na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital. Elas continuavam entubadas, respirando por ventilação mecânica, recebendo antibióticos, medicamentos para manter a pressão arterial e remédios para alívio da dor na manhã desta sexta-feira (13).

Segundo o Hecad, o quadro das gêmeas é grave por causa da complexidade do procedimento cirúrgico. "Temos que mantê-las estável o tempo todo e fazendo exames constantemente", explica o médico. Ainda não há expectativa de alta.

Fernando Oliveira, pai das crianças, comemorou o resultado da cirurgia. "Graças a Deus foi concluída a separação e agora vamos aguardar as próximas etapas e colocar nas mãos de Deus para que o restante ocorra tudo bem", disse ele.

Nas redes sociais, o prefeito de Morrinhos, Joaquim Guilherme (PSDB-GO), comemorou a cirurgia e disse que está orando pela recuperação das meninas.

"Eu e toda cidade de Morrinhos, estamos em oração", diz publicação. "Valentina e Heloá passam bem, graças a Deus e ao trabalho dos médicos. Estamos em contato com a família para ajudar, acolher, proporcionar ações importantes agora, como a campanha doação de sangue e o apoio aos familiares."