Em estado grave, universitário ganha colação de grau em hospital: 'Sonho'
O universitário Geovane Ferreira da Silva, 27, está internado inconsciente e em estado grave com suspeita de encefalite necrotizante (inflamação do cérebro), mas colou grau ontem na licenciatura de ciências biológicas da UFMA (Universidade Federal do Maranhão). Uma cerimônia especial foi preparada no hospital para realizar o evento em São Luís.
Em 2017, o rapaz se mudou para São Luís para realizar o sonho de fazer uma graduação. Ele é natural de Zé Doca, a 302 km da capital maranhense, mas seus irmãos moram em Hortolândia, no interior de São Paulo.
Nas redes sociais, o perfil do Hospital Universitário da UFMA publicou um vídeo da cerimônia de colação de grau do rapaz no local. O evento foi presidido pela coordenadora do curso, a professora Fernanda Rodrigues Fernandes.
"O Geovane é uma pessoa de coração enorme. Quando eu vim transferida, em 2019, ele cursou uma disciplina comigo e ao final da disciplina ele me mandou uma mensagem muito linda reconhecendo e agradecendo o meu trabalho. Esse é o Geovane, essa pessoa de coração bom, um aluno estudioso e muito querido no curso de Biologia", disse a docente muito emocionada.
Vera Lúcia, irmã de Geovane, também compareceu ao evento e agradeceu a todos, inclusive à UFMA, por promoverem a colação, já que o sonho do jovem era fazer a sua colação de grau e formatura.
Eu tenho mensagem que ele disse que eu tinha que dar um jeito de vir no dia da colação de grau. E eu falei que ia fazer o possível para estar aqui. O sonho dele era esse dia chegar e a minha preocupação quando o Geovane ficou doente, depois que eu vi que era muito grave, era justamente esse momento não acontecer porque faltava pouca coisa para ele concluir [o curso]. E quando ele ficar bom, ele vai poder exercer a profissão que era o sonho dele.
Irmã de Geovane
A cerimônia contou com a participação dos amigos de curso, dos profissionais de saúde e dos professores do rapaz. A irmã de Geovane, agora biólogo, leu o juramento do curso no lugar do irmão.
Doença
Segundo relato de Vera, o irmão sentiu formigamento nas pernas e pés, confusão mental e foi a uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) em novembro de 2022. No local, uma tomografia indicou que ele estava com hemorragia cerebral e, após 24 horas da ida à unidade de saúde, o jovem já havia perdido os movimentos.
Em quatro dias, o rapaz foi parar na UTI, onde ficou por 31 dias, sendo entubado. Hoje, o jovem se encontra inconsciente, não reage a nenhum estímulo, não se movimenta, não se comunica de nenhuma forma e está com sequelas neurológicas que podem ser irreversíveis, segundo a família.
Nós não moramos no estado [do Maranhão] e por ser tão distante fica inviável os custos de viagens que já não consigo mais pagar. Por conta do trabalho é impossível ficar no estado com ele em tempo integral e por período indeterminado. Em Hortolândia poderei dar todo apoio e suporte para meu irmão no que ele precisar.
Vera Lúcia em relato no site da vaquinha
Transferência
Ainda ontem, após a cerimônia, a família de Geovane conseguiu transferi-lo para Hortolândia, em uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para ele ficar próximo da irmã e dos familiares que moram na cidade.
A família fez uma vaquinha, com a meta de R$ 150 mil, para custear a transferência, mas conseguiu que a Secretaria de Saúde do Estado do Maranhão disponibilizasse a UTI aérea. Agora, o valor da vaquinha será usado para custear os tratamentos médicos de Geovane, que está internado em um hospital de Hortolândia.
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