Ele perfurou o intestino, e entrei em coma, diz paciente sobre médico do RS
Paciente operada pelo médico João Couto Neto, investigado pela polícia sob acusação de ter causado a morte de 23 pacientes, a representante comercial Mayara Rocha relatou do sofrimento depois de uma cirurgia ginecológica, em 2020. Em dezembro do ano passado, a Justiça o afastou de suas funções por 180 dias.
Ele perfurou o intestino. Verificou que perfurou, não fechou e não fez mais nada. Eu entrei em coma, fui para UTI, tive infecção generalizada"
Mayara Rocha, paciente operada em 2020
O Fantástico reuniu e ouviu o depoimento de 30 vítimas do médico, que tem uma clínica em Novo Hamburgo, na região metropolitana de Porto Alegre.
João Couto Neto se apresenta como médico responsável por mais de 20 mil cirurgias. Além das acusações de mortes de pacientes, muitas pessoas dizem ter ficado com sequelas graves após as operações.
Colegas que trabalhavam com o médico disseram que tinham "pânico" dele: "Ele é um homem arrogante. Era ele que mandava e ponto final. Ele jogava tesouras nas colegas, ele jogava pinça nas colegas. O hospital estava ciente de tudo isso", disse uma enfermeira que não quis ser identificada.
Outros relatos de pacientes:
A minha hérnia era uma cirurgia até pequena. De caso estético, e ele perfurou minha aorta abdominal"
Robson Fragoso, paciente que quase morreu em 2015
Aline Cristina de Oliveira, conta que o pai, Rubem Laerte, morreu aos 68 anos após operar uma hérnia inguinal. Segundo ela, foi constatado um rasgo intestinal que levou o idoso a ficar 30 dias em coma induzido: "faleceu de infecção generalizada em virtude da perfuração intestinal".
Filha de Núbia, 62, Cristina Costa Kirch disse que, além de perder a mãe, os erros médicos geraram uma dívida com o hospital. O médico teria perfurado o intestino dela durante uma cirurgia de vesícula, e a idosa morreu por infecção generalizada.
"A cirurgia original foi R$ 7 mil. Mas, em decorrência de 60 dias de internação, há uma dívida de R$ 297 mil, que o hospital me cobra judicialmente", conta.
O Fantástico procurou o médico, que disse à reportagem que está passando por um sofrimento inimaginável. A defesa de João Couto informou que "não teve acesso a todo conteúdo do inquérito e qualquer manifestação nesta hora seria precipitada" e que "tem plena certeza de que os fatos serão devidamente esclarecidos, comprovando-se a completa correção nos procedimentos adotados pelo médico."
O que está sendo investigado:
- Em novembro, 15 pessoas, entre pacientes e parentes de pessoas que morreram, relataram supostos casos de abuso e erro médico à polícia
- A maioria dos relatos se refere a cirurgias feitas nos últimos dois anos, mas as denúncias abrangem procedimentos realizados a partir de 2010
- Parte das vítimas relatou à polícia que saiu de procedimentos com ferimentos, principalmente no intestino e em órgãos que não eram o foco das cirurgias
- Também há relatos de dilacerações em órgãos, perfurações múltiplas e cortes feitos além do necessário, segundo o delegado responsável pela investigação
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