Grupo secreto, hora de abuso e mais: o que anestesista já admitiu à polícia
Preso por armazenamento de pornografia infantil e por estupro de pelo menos duas pacientes sedadas durante cirurgia, o anestesista colombiano Andres Eduardo Onate Carrillo teve a prisão preventiva mantida na tarde de hoje, após audiência de custódia no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
Entre os materiais apresentados à juíza Mariana Tavares estão a transcrição do depoimento do médico à polícia, em que admite que fazia buscas no YouTube por palavras-chave para ter acesso a links de grupos secretos com conteúdos de abuso sexual de crianças e adolescentes, bem como que escolhia a "melhor hora para abusar" de pacientes, inclusive quando não era o anestesista responsável, porque "tinha acesso".
Em sede policial, Andres disse que "não sabe precisar o motivo pelo qual nutriu dentro de si a compulsão em ver e armazenar pornografia infantojuvenil".
Para não ser direto, ele disse que buscava combinações de letras, que funcionava como espécie de código, para camuflar as buscas. O resultado da pesquisa direcionava o anestesista para esses grupos de WhatsApp em que conteúdos pornográficos criminosos eram compartilhados por usuários do mundo inteiro.
Tinha 20 mil arquivos de pornografia infantil nas nuvens. Colecionava arquivos extremamente violentos. Podia ser visto bebês de colo sendo violentados sexualmente em condição carnal, sendo obrigados a praticar sexo em adultos, o que chamou a atenção até dos policiais mais experientes da delegacia.
Luiz Henrique Marques Pereira, titular da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima
Segundo o delegado, Andres colecionava arquivos internacionais de pornografia infantil. Em depoimento, o anestesista disse que "nunca chegou a abusar sexualmente de crianças, mas satisfaz sua libido vendo imagens e vídeos tanto de meninos quanto meninas".
"São arquivos em sua maioria, internacionais, que são espalhados pelo mundo inteiro. Ele não aparece nesses arquivos, apenas coleciona, o que configura crime por manter esse tipo de material", explica o delegado.
"O vídeo que ele produziu são os que ele estupra duas pacientes. Elas foram submetidas a cirurgias e assim que ele achou que estava seguro, gravou essa violência. As pacientes foram identificadas, ouvidas e confirmaram sua identidade nos vídeos", disse o delegado, que informou que as imagens gravadas foram de Andres fazendo sexo oral com as pacientes.
Na delegacia, o anestesista disse que não contou com a participação de outras pessoas e que aguardava a "melhor hora", o momento em que estivesse sozinho, para cometer os crimes.
"Criminosos dessa natureza não costumam cometer apenas um crime. É bem possível e a polícia acredita que outras vítimas surgirão", afirma o delegado da Dcav.
O UOL entrou em contato com o advogado Mauro Fernandes da Silva, que representa o profissional de saúde, para coletar posicionamento em defesa do investigado, mas, até momento, não obteve retorno. Este espaço será atualizado tão logo haja manifestação.
Ponto a ponto do depoimento:
- Andres Carillo disse que vivia na cidade de Valle do Par, na Colômbia, onde se formou em medicina em 2015, antes de se mudar para a Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde buscou se especializar em anestesia.
- Ele disse não saber o o motivo pelo qual nutriu compulsão em ver e armazenar pornografia infantojuvenil, mas que era como satisfazia a libido, sem distinção de gênero.
- Ele nega ter filhos, ser responsável ou ter promovido abuso sexual de quaisquer crianças ou adolescentes.
- O médico disse reconhecer a si mesmo nos vídeos em que aparece forçando duas pacientes a praticarem sexo oral.
- O investigado alegou que nunca contou com a participação de terceiro e aguardava a "melhor hora", em que estivesse sozinho, para esfregar o pênis nas pacientes.
- O anestesista disse ainda que não era o responsável pela sedação da paciente abusada no Hospital dos Lagos, mas que " é comum que os médicos tenham acesso as pacientes no momento da pré e pós-cirurgia".
- Por fim, o homem admitiu ser detentor do nome de usuário "Cam Kaka", ter deletado seu acervo por medo de ser preso e negou que em algum momento da vida tenha sido violentado sexualmente.
Entenda o caso
As investigações tiveram início em dezembro do ano passado, a partir do compartilhamento de informações do SERCOPI (Serviço de Repressão a Crimes de Ódio e Pornografia Infantil) da Polícia Federal, com apoio da Inteligência do 2º DPA (Departamento de Polícia de Área - Capital) da Polícia Civil.
A suspeita de que o anestesista armazenava material pornográfico foi comunicada pela Polícia Federal. Entre os 20 mil arquivos encontrados na nuvem, havia ainda os vídeos de duas pacientes que apareciam desacordadas, por efeito de anestesia, numa mesa de cirurgia sendo abusadas pelo médico.
Andres trabalhava em hospitais renomados no Rio de Janeiro, tanto do setor público como privado. Após sua prisão, que aconteceu na Barra da Tijuca, na madrugada de segunda-feira (16), ele confessou o estupro das pacientes e a autoria dos vídeos.
O médico foi preso em flagrante e vai responder ao crime recluso.
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