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Freira de casa de acolhimento vai responder por morte de 10 idosos em MG

Casa de acolhimento começou a ser investigado em abril de 2022 - Reprodução/Instagram
Casa de acolhimento começou a ser investigado em abril de 2022 Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

19/01/2023 22h53Atualizada em 19/01/2023 22h53

Uma freira, um médico e outras 13 pessoas devem responder pela morte de dez idosos em uma casa de acolhimento em Divinópolis (MG). Segundo a Polícia Civil, os internos das Obras Assistenciais São Vicente de Paulo, conhecida como Vila Vicentina Padre Libério, morreram por falta de assistência médica. Além deles, foram registrados mais 48 casos de maus-tratos na unidade.

As investigações tiveram início em abril do ano passado. Na época, a casa de acolhimento atendia 81 idosos e foi interditada pela Vigilância Sanitária. No local, havia indícios de várias irregularidades, maus-tratos e condições precárias de higiene.

"A freira, enfermeira responsável técnica pela instituição, foi indiciada por crimes de infração de medida sanitária preventiva, exercício ilegal da medicina, curandeirismo, homicídio omissivo impróprio, cárcere privado, tortura e maus-tratos. Ela também foi indiciada - assim como o médico responsável pela unidade - por falsidade ideológica. Além disso, sete técnicos e auxiliares de enfermagem foram indiciados por maus-tratos, cárcere privado e tortura, sendo este último crime também imputado a outros seis funcionários da entidade", explicou a delegada responsável pelo caso Adriene Lopes.

Alguns dos idosos, segundo a delegada, apresentavam distúrbios psiquiátricos e eram mantidos em ambientes insalubres, sem acesso à água ou ao vaso sanitário. "Além disso, alguns deles eram amarrados com contenções mecânicas sem prescrição médica. Também foi apurado que a instituição não tinha profissionais suficientes para cuidar dos internos como deveria", disse ela.

No local, foram encontrados pacotes de fraldas descartáveis e medicamentos armazenados de forma inadequada. A Polícia também localizou seringas sem nenhuma identificação.

"Testemunhas relataram que a freira responsável pelo cuidado aos internos determinava a omissão ou a inserção de informações falsas dos internos nos prontuários médicos e nas evoluções da enfermagem. Desse modo, alguns enfermos sofriam por horas, dias, até evoluir a óbito", disse a delegada.

A freira foi afastada do cargo e outros representantes da instituição assumiram a coordenação ainda no ano passado.

Em nota, a Vila Vicentina disse que não recebeu comunicação oficial da Justiça sobre o inquérito e "está neste momento levantando as informações para conhecimento da situação."

"As Obras Assistenciais, desde maio de 2022, com a diretoria interventora e agora com a nova diretoria, mobilizou todos os esforços e continua seu trabalho para a realização de ações e adaptações para melhor atender os idosos", diz comunicado, assinado pelo presidente Rangel Rodrigues.