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PR: Bilhete premiado achado com homem morto era da Mega da Virada de 2018

José Aparecido Monteiro, de 54 anos, foi encontrado morto ao lado de bilhete premiado no PR - Arquivo Pessoal e Reprodução
José Aparecido Monteiro, de 54 anos, foi encontrado morto ao lado de bilhete premiado no PR Imagem: Arquivo Pessoal e Reprodução

Vinícius Rangel

Colaboração para o UOL*, em Curitiba

06/02/2023 20h02Atualizada em 07/02/2023 12h02

O bilhete de loteria premiado de cerca de R$ 400 mil que estava entre os pertences de José Aparecido Monteiro, de 53 anos, encontrado morto em um hotel no centro de Curitiba, na quinta-feira (2) era da Mega da Virada de 2018.

A informação foi confirmada ao Estadão Conteúdo pela promotora de vendas Maria José do Nascimento, de 59 anos, irmã da vítima. Segundo ela, o prêmio foi retirado à época. Ele ganhou em um bolão com 22 pessoas, em Campo Mourão, interior do Paraná.

Sobre o dinheiro do prêmio, a irmã disse que ele pagou algumas dívidas e comprou mercadorias para trabalhar com confecção.

Ela contou que Nascimento morava com ela em Campo Mourão, mas estava em Curitiba desde novembro do ano passado com previsão de retorno no carnaval.

"Tem muita gente achando e falando que ele ainda iria resgatar o prêmio, mas não é verdade. Já faz tempo isso. (...) Ele estava com a solicitação (para realizar o saque) na mala porque foi resolver questões burocráticas em Curitiba de uma empresa de confecções que tinha."
Maria José do Nascimento, irmã da vítima

Zé Capeta virou Zé de Jesus

Maria José contou que o irmão era conhecido em Campo Mourão desde a infância como "Zé Capeta".

"Ele ganhou o apelido quando jogava bola porque era bem atentado. Ele chegou a ser treinador na cidade. Mas agora é o Zé de Jesus. Está sendo muito pesado para nós. Ele era meu companheiro, meu amor, minha vida. Sempre morou comigo depois que se divorciou. Era tudo pra gente."

Ele deixou três filhos, todos adultos.

Segundo ela, o irmão "vivia sorrindo para a vida". "Era pra ele ter vindo no Natal, mas não deu certo. Estava planejando voltar no carnaval", disse. Maria José explicou que a informação recebida pela família foi a de que a morte ocorreu por infarto. "Há uns meses ele começou a passar mal e descobriu que, além de pressão alta, tinha diabetes. Pelo que contou já tinha começado o tratamento", explicou.

Amigos e familiares lamentaram a morte do homem, que era conhecido pelo espírito esportivo e festeiro. Amigos de infância relembraram episódios marcantes com a Monteiro.

"Jogamos campeonatos e amistosos fora da cidade, dali surgiu uma amizade. Ele jogava muito bem bola. Daí surgiu o apelido de 'Zé Capeta'. Desde a escolinha de futsal já o chamavam assim. Ele também estudou com meu irmão, e sempre trocava meu nome pelo do meu irmão Sandro, já falecido também. Ele era muito alegre, riso fácil e batalhador", disse o empresário Márcio Wander.

O amigo de longa data disse que ficou surpreso com a morte de Monteiro. "Vi o noticiário de que um morador daqui havia ganho na loteria, mas morreu em seguida. Só um dia depois que vi a foto dele associada ao episódio. Há tempos não tínhamos contato, o vi poucas vezes e muito rápido", disse Marcio.

Morte por infarto

O corpo de José Monteiro passou por exames na semana passada e o laudo do médico legista revelou que não existiam marcas de violência no homem, descartando então a possibilidade de ele ter sido morto por alguém.

Em nota oficial enviada ao UOL, a Polícia Civil confirmou o resultado do caso. "Conforme apurado pela PCPR, a causa da morte se deu por um infarto. Por ser morte natural, nenhum procedimento foi instaurado. A PCPR recebeu a confirmação através do médico legista", disse o órgão.

Corpo achado por funcionários do hotel

A vítima foi encontrada já sem vida em cima da cama em um hotel que fica na região central da cidade. Ele era da cidade de Campo Mourão, interior do Paraná, e teria ido à capital para fazer alguns exames médicos. Monteiro pretendia voltar no dia seguinte para casa.

O autônomo não voltou na data prevista. Os parentes ficaram preocupados e ligaram para o estabelecimento na tarde do fato. Um funcionário da limpeza foi até o quarto e chamou pela vítima, mas ele não respondeu. Os médicos do Samu foram acionados, entraram no espaço e constataram o óbito.

No cômodo as polícias Militar e Civil não constataram nenhuma anormalidade que levasse a crer que teria sido assassinado. Até mesmo uma possibilidade de envenenamento foi levantada, mas nada foi constatado. A família de Monteiro fez o reconhecimento do corpo.

José Aparecido Monteiro foi enterrado no sábado (4) no Cemitério Municipal São Judas Tadeu, em Campo Mourão, cidade onde nasceu.

*Com Estadão Conteúdo