Estudante da UFPI estuprou aluna mais uma vez após matá-la, diz inquérito
O mestrando Thiago Mayson, 28, estuprou a estudante Janaína Bezerra, 21 —e, depois que ela morreu, repetiu o ato de violência sexual. Esta foi a conclusão do inquérito da Polícia Civil do Piauí. O crime ocorreu há cerca de dez dias, dentro do prédio da Universidade Federal do Piauí, durante um evento conhecido como "calourada".
Thiago foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, estupro, fraude processual e vilipêndio a cadáver (violência sexual depois da morte). Segundo a delegada do DHPP Nathália Figueiredo, Thiago filmou parte da ação, quando ele e a vítima estavam sujos de sangue.
O resultado foi divulgado hoje pela delegada Nathália Figueiredo. O inquérito foi concluído ontem —dentro do prazo legal.
O laudo do IML constata a violência sexual. Houve o crime de estupro, a vítima foi submetida a violência física e psicológica. A causa morte foi a luxação cervical que ela sofreu no ato sexual. Ele também praticou relação sexual com ela sem vida."
Nathália Figueiredo
Segundo a delegada, que é titular do núcleo investigativo de feminicídio do DHPP, o homicídio teve as qualificadoras de feminicídio e meio cruel. O crime de fraude processual, diz ela, se refere ao fato de ele ter tentado esconder o preservativo em um armário da sala em que estavam.
A delegada afirma ainda que a polícia recuperou um vídeo feito por Thiago que ele havia apagado do celular. Segundo ela, as imagens mostram cenas entre o primeiro e o segundo ato sexual com a vítima fora de si.
A polícia também acredita que não há a participação de mais pessoas no crime. O laudo final do IML foi concluído nove dias após o crime.
Estamos na pendência do laudo toxicológico, deve sair nos próximos dias. Se for confirmado que a vítima estava sob efeito de drogas ou álcool, passa a ser estupro de vulnerável."
O que diz a defesa
A defesa de Thiago afirmou à reportagem que só vai se pronunciar após ter acesso ao conteúdo do laudo final e após se reunir com os delegados que atuam no caso. Segundo a advogada que representa Thiago, que prefere não se identificar, o acesso ao laudo deve ocorrer na tarde desta segunda-feira (6).
Na semana passada, a defesa de Thiago havia sustentado a versão de "sexo consensual" e que a morte teria sido uma "fatalidade". A advogada disse também que ele estava abalado após a prisão e preocupado com os familiares.
Não é a intenção de defesa posicionar a vítima como culpada pela fatalidade, isso jamais será nossa bandeira nessa batalha processual. O que temos a declarar é que houve uma fatalidade, tivemos uma vítima e duas famílias sofrendo nesse momento."
Defesa de Thiago Barbosa, estudante de mestrado da UFPI
O que apontou o primeiro laudo
De acordo com o laudo do IML, "a causa da morte foi trauma raquimedular [lesão na medula] por ação contundente". O diretor do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), Francisco Baretta, também afirmou que houve estupro.
Segundo o documento houve uma contusão na coluna vertebral, o que causou a lesão da medula espinhal e a morte. A lesão pode ter sido causada por pancada, que teria torcido ou traumatizado a coluna vertebral, conforme a médica legista. Uma das possibilidades investigadas é a ação das mãos no pescoço da vítima "com intuito de matar ou fazer asfixia, queda, luta".
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