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PMs são acusados de agredir grávida e fazer suspeito engolir vômito no PR

Polícia Militar do Paraná - Polícia Militar do Paraná
Polícia Militar do Paraná Imagem: Polícia Militar do Paraná

Colaboração para o UOL, em Curitiba

10/02/2023 13h20

Três policiais militares do Paraná são acusados de torturar usuários de drogas e espancar uma grávida de cinco meses no litoral.

Dois dos policiais são irmãos gêmeos. Nesta semana, o Ministério Público, por meio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), ofereceu denúncia criminal por tortura e abuso de autoridade.

A primeira denúncia, contra os irmãos Ricardo e Rodrigo Chiarello Marchesi, foi de uma ocorrência de maio de 2021. Na ação, eles teriam entrado em uma residência por suspeitarem de que lá moraria uma mulher vinculada ao tráfico de drogas. As torturas teriam sido filmadas por um deles e duraram cerca de 40 minutos, segundo a denúncia.

Houve o episódio de uma qualificação de tortura, em que um morador da casa, usuário de drogas, foi obrigado a engolir maconha. Isso gerou nele um mal-estar e a imposição, por parte dos policiais, de que esse rapaz engolisse a droga novamente com o vômito que tinha sido provocado
Leonir Batisti, promotor e coordenador do Gaeco

Uma grávida chegou a ser espancada em outro caso investigado, segundo a denúncia. Além dos irmão, o PM Sidney Vettori de Moura participou das agressões que teriam ocorrido em duas casas em agosto de 2022 em Guaratuba, no litoral do Paraná.

Em uma das casas estava uma pessoa grávida com o companheiro. Em determinado momento eles faziam pressão contra os dois, mas principalmente se dirigindo essa ameaça à própria grávida. Essa tortura também está acumulada com o abuso de autoridade consistente na entrada irregular ou ilegal na casa das pessoas com o pretexto de uma investigação de que lá haveria tráfico de drogas e traficantes
Leonir Batisti

Os três policiais estão presos. Testemunhas disseram no processo que eles teriam dito que "não se importariam de bater em mulher grávida".

Sidney foi preso preventivamente no começo de fevereiro. Ele já tinha sido preso em outubro do ano passado e solto 17 dias depois.

A defesa nega que ele estivesse no local das agressões e disse que vai entrar com um pedido de habeas corpus ainda hoje. "Ele não estava naquele dia, não participou e não teve qualquer atuação. E isso as próprias vítimas já disseram, mas foram induzidas pelo próprio Gaeco a falar que ele lá estava. Nós vamos deixar isso bem claro durante a instrução processual", declarou o defensor Nathan Macedo de Freitas.

O advogado dos gêmeos, Eduardo Zanoncini Miléo, foi procurado pelo UOL, mas não vai se pronunciar sobre o caso.

A PM informou que os policiais foram afastados das funções. Em nota, a corporação disse que acompanha e colabora com as investigações do Gaeco. A PM ressalta ainda que "não compactua com o desvio de conduta de nenhum de seus integrantes e atua sempre para reestabelecer a verdade dos fatos".