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Alunos encontram dono de escola morto e amarrado em sala de aula no PA

Professor Omar de Araújo Linhares, 63, foi encontrado morto com sinais de tortura dentro da escola que possui, em Ananindeua - Reprodução/Redes Sociais
Professor Omar de Araújo Linhares, 63, foi encontrado morto com sinais de tortura dentro da escola que possui, em Ananindeua Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Luciana Cavalcante

Colaboração para o UOL, em Belém

17/02/2023 04h00

O dono de uma instituição de ensino, que também leciona, foi encontrado morto, com as mãos e os pés amarrados, além de uma corda no pescoço, por alunos que chegavam à escola para realizar uma prova, em Ananindeua (PA). Pertences e dinheiro foram roubados. A suspeita dos investigadores é de latrocínio.

O caso ocorreu na noite de quarta-feira (15) na escola particular Reverendo João Batista da Silva, que atende aos ensinos fundamental e médio. A vítima foi o professor Omar de Araújo Linhares, 63, que é diretor e proprietário da instituição.

O grupo de estudantes que descobriu o corpo fazia parte da turma noturna do EJA (Ensino de Jovens e Adolescentes), que reúne alunos a partir de 15 anos. Um deles, em entrevista ao UOL, disse que eles estranharam ao encontrar a porta do estabelecimento aberta.

"Ele era muito cuidadoso com a segurança. Quando vimos a porta aberta, percebemos que tinha alguma coisa errada e avisamos a polícia", disse uma testemunha, que preferiu não ser identificada.

Mesmo assim, alguns alunos entraram na casa e encontraram a vítima no chão. Ainda segundo as testemunhas, o local tinha marcas de que teria havido uma luta corporal. Elas notaram ainda que o celular dele e uma quantia em dinheiro haviam sido levados.

A comunidade ficou surpresa com a violência contra o educador, conhecido na região por participar de projetos sociais. Vários amigos e ex-alunos se manifestaram nas redes sociais lamentando o crime brutal.

"Estou em choque, mesmo sabendo que um dia todos nós iremos para o mesmo caminho..Mas a dor da partida é dolorosa. Esse foi um dos maiores professores que já tive. Um homem bom, um excelente educador, sempre extrovertido, brincalhão, cheio das histórias", enalteceu um aluno. "Nunca vou esquecer o que fez por mim, depois da perda do meu pai você ocupou essa lacuna, me ajudou a resgatar o prazer pela vida, pelo trabalho, foi meu professor, amigo, irmão... Obrigado por tudo", declarou outro.

O corpo do professor foi encaminhado para perícia. A Polícia Civil informou que o caso é investigado sob sigilo pela Divisão de Homicídios.

Um amigo do professor, que pediu para não ser identificado, contou ao UOL que não havia sinais de arrombamento no local e que os vizinhos não ouviram barulho na hora do crime.

Isso nos leva a crer que a pessoa conhecia ele porque ninguém ouviu barulho. Ele era muito querido na região. Se gritasse todo mundo iria acudir. Ele estava numa sala, que é como se fosse a diretoria. O lugar estava todo revirado e ele caído ao lado de uma cadeira, com as mãos e pés amarrados, o que nos leva a pensar que talvez estivesse sentado lá antes. Deve ter apanhado e caído morto do lado do móvel.

A escola funcionava com turmas de ensino médio e fundamental nos turnos manhã e tarde, mas como professor Omar passava por dificuldades financeiras, tinha aberto turmas à noite para tentar arrecadar mais recursos e passou a também morar no imóvel.

"A comunidade toda estudou lá. Ele era conhecido por ajudar todo mundo. Quando as pessoas não tinham dinheiro, deixava pagarem depois. Nunca foi um negócio, o que ele queria era proporcionar educação. Por isso acabou ficando com dívidas e criou as turmas à noite. Ele teve algumas posses, mas quando se separou há alguns anos disse que a única coisa que queria ficar era a escola, que era o que mais amava. Tanto que ficou sem moradia e sempre dormia lá ou na casa da atual namorada. Para economizar não colocou ninguém para fazer a segurança à noite", disse o homem.

O corpo do professor foi sepultado ontem no cemitério de Ananindeua.