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'Arma estava ilegal', diz delegado sobre morte de bolsonarista por lulista

Edno de Abadia Borges, 60, é suspeito de matar a tiros Valter Fernando da Silva, 36 - Reprodução/Redes sociais
Edno de Abadia Borges, 60, é suspeito de matar a tiros Valter Fernando da Silva, 36 Imagem: Reprodução/Redes sociais

Do UOL, em São Paulo

21/03/2023 04h00

Edno de Abadia Borges, 60, suspeito de matar Valter Fernando da Silva, 36, durante uma discussão sobre política em um bar em Mato Grosso, não possui porte ou posse de arma e não tem nenhuma arma registrada em seu nome, segundo a Polícia Civil.

O que aconteceu

  • Apoiador de Lula, o produtor rural Edno é suspeito de matar a tiros o bolsonarista Valter, no distrito de Celma (MT). O local fica a 60 km do município de Jaciara, na noite de domingo (19).
  • "Arma estava em situação ilegal", disse ao UOL o delegado de Jaciara, José Ramon Leite.
  • Os dois eram amigos e haviam ingerido bebida alcoólica. "De forma acalorada" cada um defendia seu posicionamento político, contou o delegado Leite.
  • Edno agiu sozinho, segundo as provas testemunhais. Valter foi atingido por ao menos dois tiros na região do abdômen.
  • O produtor rural está foragido. "É um claro indicativo que ele não pretende colaborar com a investigação criminal", afirmou o delegado.

Como foi o crime. "O suspeito convidou a vítima para ir para o lado de fora do estabelecimento. Disse 'vamos ali um pouco', e nesse momento as pessoas que estavam dentro do estabelecimento ouviram dois disparos de arma de fogo. O suspeito entrou em seu veículo e tomou paradeiro incerto", declarou o delegado Leite.

"Homicídio especialmente doloroso". "Na noite de ontem, a paz pública em nosso município se viu abalada com a prática de um crime bárbaro. Mais um homicídio, de motivo banal, uma vez que suas motivações foram divergências políticas entre o autor e a vítima, que se encontravam em um bar na zona rural de Celma."

Trata-se de crime comum de homicídio qualificado pela motivação fútil, motivo banal que não justifica a prática do crime."
Delegado José Ramon Leite, responsável pelas investigações

Intolerância política. O delegado também criticou as "desavenças políticas", quase seis meses após a vitória de Lula sobre Bolsonaro nas urnas.

É inadmissível esse tipo de intolerância política, seja para quem é de esquerda, de direita e do centro. A nossa Constituição Federal dá liberdade e consagra o pluralismo político, então cada um pode eleger o posicionamento político que melhor lhe prover. É inadmissível, em pleno século 21, crimes com essa motivação, de não aceitar o posicionamento do outro."
José Ramon Leite, delegado

O que disseram

Ao UOL, a assessoria de Lula disse lamentar o ocorrido:

O presidente já falou —e reitera— que não há justificativa para violência política, e que as diferenças devem ser respeitadas e resolvidas por diálogo. Jamais com tiros.

A reportagem entrou em contato com os assessores do PL e de Bolsonaro. Em caso de manifestação, este texto será atualizado.