PM parou jovem negro mais de 10 vezes na mesma via em SP: 'Coração gela'
Heitor (nome fictício), um jovem negro de 16 anos, foi parado pela décima vez em quatro anos pela Polícia Militar na mesma via, a avenida Escola Politécnica, na comunidade Ponta da Praia, no Butantã (zona oeste de São Paulo).
Por que isso importa
- O STF (Supremo Tribunal Federal) julga se provas obtidas em ações deste tipo serão proibidas em processos criminais.
- A análise está suspensa desde 8 de março e ainda sem data para ser retomada.
- Oito em cada 10 pessoas negras já foram abordadas pela polícia, segundo o relatório "Por que eu?" do IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa) em São Paulo e no Rio em 2022.
- Entre brancos, somente dois em cada 10 tomaram geral.
- Casos como o de Heitor são citados em discussões sobre abordagens racistas feitas pela polícia.
- A PM nunca encontrou provas que incriminassem Heitor.
Eu estava trabalhando, não estou fazendo nada de errado"
Heitor, que voltava da borracharia onde trabalha com o tio no Butantã, aos policiais
Não tô te perguntando nada, seu maloqueiro. A gente sabe que você tá fazendo desmanche de moto"
Resposta que teria ouvido dos policiais, segundo Heitor
A mãe do rapaz se preocupa com a rotina do filho. "Ele vê um carro de polícia e fica receoso. Ele diz: 'mãe, quando vejo uma viatura meu coração gela'."
As paradas ocorrem desde 2019 e sempre na mesma região. Mas, desde novembro, a mãe de Heitor diz que passou a acompanhá-lo no trajeto para evitar ver o filho voltar machucado para casa.
Os policiais viam ele com a roupa suja de graxa e achavam que ele fazia desmanche de moto. Ele voltava do trabalho às 18h, mas um dia demorou, e eu fiquei preocupada. Quando chegou, estava com a bicicleta quebrada, entrou em casa mancando e com manchas roxas pelo corpo."
Mãe do jovem abordado pela polícia em São Paulo
Das dez vezes em que foi abordado, em ao menos cinco Heitor chegou em casa com hematomas na cabeça, nas costas e nos órgãos genitais. "É racismo pela cor da pele e pelo lugar em que moramos. Me conscientizei com o tempo", diz a mãe do adolescente.
Ele é sempre parado pela polícia, enquanto meus outros dois filhos mais velhos, com a pele mais clara, nunca foram parados."
O que dizem a SSP e a PM
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou que a Corregedoria da PM "está à disposição da população para receber as denúncias e apurar as condutas dos agentes".
A PM disse que casos denunciados serão investigados e respeita a legislação.
Segundo a SSP-SP, "os protocolos operacionais da Polícia Militar não levam em consideração estereótipos raciais, de gênero, classe social, idade ou religião".
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