PCC tinha acesso a sistema de câmeras do governo de São Paulo, diz PF
Presos por planejarem atentados contra autoridades, membros do PCC (Primeiro Comando da Capital) tinham acesso ao programa de inteligência e monitoramento por câmeras do governo de São Paulo, segundo investigação da Polícia Federal.
O que aconteceu?
- A PF apontou que o PCC tinha acesso ao Detecta, um sistema de monitoramento implantado pelo governo de São Paulo em 2014. A informação consta do pedido de prisão feito pela PF contra os membros da facção.
- Membros do PCC descobriam, por meio do Detecta, até o trajeto percorrido por veículos de interesse da organização criminosa. O sistema conta com mais de 3.000 câmeras, instaladas em quase 1.500 pontos do estado de São Paulo. Além do monitoramento por imagens, o programa reúne um banco de dados das polícias Civil e Militar e do Detran.
- Numa troca de mensagens obtida pela PF, um suspeito pede a um "parceiro" informações sobre uma viatura não caracterizada da Polícia Civil de São Paulo. A mensagem inclui uma foto da placa de um veículo.
- O relatório da PF ao qual o UOL teve acesso não informa o período em que a facção teve acesso ao programa estadual.
Parceiro, precisava saber aonde (sic) esse carro andou [de] sábado até hoje. Consegue dar uma força pra mim pra vê no detecta lá".
Em resposta a esse pedido, o suspeito recebeu uma imagem com todas as informações sobre a viatura policial —ano de fabricação, chassi, número do Renavam, dados do proprietário e do possuidor (no caso, a Polícia Civil).
A mensagem e as imagens foram usadas no relatório da Policial Federal para demonstrar a periculosidade do grupo e justificar os pedidos de prisões preventivas.
Temos indicativo claro de que os investigados têm acesso a dados que deveriam ser sigilosos, o que permite a eles agir com desenvoltura na prática de crimes, pois conseguem identificar veículos das forças de segurança"
Delegado Martin Bottaro Purper, da PF
Entenda o caso
- Os detalhes das investigações vieram a público nesta quinta-feira (23), depois que a juíza Gabriela Hardt, da 9ª Vara Federal de Curitiba, determinou a retirada do sigilo de documentos da operação que prendeu nove suspeitos e cumpriu dezenas de mandados de busca e apreensão em diferentes estados.
- Segundo a PF, um dos principais alvos do PCC seria o senador Sergio Moro (União Brasil-PR).
- A aparição do nome do ex-juiz na operação foi classificada como uma "armação", pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta quinta-feira. Lula citou a juíza que expediu os mandados, disse que iria buscar entender a sentença, mas afirmou que uma suposta armação no caso era "visível".
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