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OPINIÃO

Dunker: Imprensa acerta ao reduzir exposição de autor de ataque em Blumenau

Colaboração para o UOL, em São Paulo

06/04/2023 09h09

O psicanalista e colunista do UOL Christian Dunker avaliou de forma positiva a postura da imprensa na cobertura da tragédia em uma creche de Blumenau (SC) ao evitar a exposição do agressor.

Vejo uma coisa diferente nesse caso no que diz respeito à imprensa. Houve baixa exposição da imagem do sujeito e não se revelou o nome exato dele. Isso já é efeito de uma tomada de consciência de que muitos desses agressores entram em um ato violento esperando o reconhecimento dos seus pares. Lá dentro da internet serão chamados de 'santos', 'heróis', e serão glorificados. Christian Dunker, psicanalista e colunista do UOL

Em participação no UOL News desta quinta, Dunker afirmou que, além do tratamento dado ao agressor, a imprensa também deve repensar outras práticas em casos semelhantes. Para o psicanalista, esta reflexão contribui para o modo como se deve encarar uma questão social delicada.

O tratamento dessas matérias precisa passar por algum cuidado para não exponencializar a posição de herói que essa pessoa quer ambicionar com seu gesto. {É preciso] Discutir de forma menos casuística e evitar coisas como 'é um caso isolado' ou 'um problema mental daquela pessoa'. Isso faz com que percamos a linha de continuidade e enfrente isso como devemos enfrentar problemas sociais. Christian Dunker, psicanalista e colunista do UOL

Josias: Ainda não descobrimos como lidar com onda de ódio vivida pelo Brasil

Embora tenha considerado adequada a reação do governo Lula ao ataque em Blumenau, Josias de Souza considera que o país ainda não sabe como reagir à atmosfera de ódio intensificada durante a gestão de Jair Bolsonaro.

A despeito da proliferação dos ataques em escolas, não estávamos acostumados a esse nível de terror. Isso era coisa de maluco norte-americano. As reações indicam que ainda não descobrimos como lidar com o insolúvel. Esse enredo de terror brasileiro é feito de uma liga pegajosa em que se misturam a alta tecnologia das redes, o esterco de uma ideologia odiosa e detritos de um país em decomposição. Viramos personagens de um filme sem fim. Realmente não aprendemos como lidar com esse problema. Josias de Souza, colunista do UOL

Milly: Bolsonaro conseguiu consolidar violência que permeia toda a história do Brasil

Milly Lacombe vê o discurso de ódio perpetrado por Bolsonaro como um fator diretamente ligado ao ataque ocorrido em Blumenau. Na opinião da colunista, o ex-presidente condensa em suas falas todo o processo violento no qual se baseia a história do Brasil, o que ajuda a compreender a onda de violência nas escolas do país.

É hora de parar e entender como podemos nos implicar nisso e como produzimos sujeitos tão violentos assim. Como viemos parar aqui? De onde vem esse ódio? Se fizermos essa pergunta, teremos que voltar à história do país, contada de forma idílica, de uma democracia alegre, colorida, musical. Mas ela é violenta e começa com extermínios e genocídios. Toda essa violência que faz parte da história do Brasil Bolsonaro conseguiu consolidar e engajar no discurso de ódio que faz há tanto tempo. Milly Lacombe, colunista do UOL

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