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Famílias de mortos na Chacina do Jacarezinho vão à Justiça contra operação

Parentes das vítimas da chacina no Jacarezinho (RJ), durante protesto contra violência policial - Fabiana Batista/UOL
Parentes das vítimas da chacina no Jacarezinho (RJ), durante protesto contra violência policial Imagem: Fabiana Batista/UOL

Do UOL, no Rio

28/04/2023 17h37

Ações são movidas por 14 famílias que pedem indenização ao Estado do Rio de Janeiro por operação que matou 28 pessoas no dia 6 de maio de 2021.

O que aconteceu?

As famílias argumentam que o Estado desrespeitou decisão do STF — que restringe operações na pandemia — e não deu devido tratamento aos corpos.

Nas ações foram incluídos elementos que indicam alteração de cena do crime — como chão lavado (em dia sem chuva) e suposto socorro a vítimas que já estavam sem vida, na versão de testemunhas.

Também há críticas às investigações. As famílias alegam que havia indícios de execução e "pouco empenho" na busca de todas as provas para elucidar as mortes.

As 14 ações somam mais de R$ 29 milhões, entre danos morais, pensões para dependentes e custeio de tratamento psicológico das famílias.

Para o UOL o governo do RJ afirmou que ainda não foi intimado pela Justiça. "Quando for notificada, a Procuradoria-Geral do Estado avaliará qual posição juridica vai adotar no processo judicial", diz a nota.

Como foi a ação policial?

Foram 27 civis mortos e 1 policial civil em um período de nove horas, na operação mais letal da história do Rio de Janeiro, em meio ao pico da pandemia de covid-19.

Ações coordenadas tiveram início após o policial civil André Leonardo de Mello Frias ter sido atingido por um tiro na cabeça logo no início da operação, às 6h, ao tentar retirar uma das barricadas que travavam o acesso à comunidade.

O Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos criticou a violência na comunidade e pediu que investigações imparciais sejam abertas.

O UOL revelou que o socorro dos baleados levou até três horas, apesar da distância entre a comunidade e o hospital para onde foram levados ser de 30 minutos.

O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) arquivou dez das 13 investigações abertas sobre o caso sem encontrar irregularidades em 23 mortes.

Quatro policiais foram denunciados à Justiça, mas somente dois deles viraram réus. O processo está em fase de ouvir testemunhas.