Topo

Esse conteúdo é antigo

PF investiga se houve racismo em expulsão de mulher negra em voo da Gol

Do UOL, em Brasília e no Rio

30/04/2023 10h34

A Polícia Federal abriu hoje (30) um inquérito para apurar a possível prática de crime de racismo no caso da mulher negra que foi expulsa de um voo da Gol que seguia de Salvador para São Paulo. A investigação será conduzida pela Superintendência Regional da PF na Bahia e seguirá em sigilo.

Relembre o caso

A passageira Samantha Vitena Barbosa foi expulsa na noite de sexta-feira de um voo sem explicação do motivo, sendo informada apenas que seria uma "determinação do comandante";
Antes da expulsão, Barbosa se dirigiu aos demais passageiros para explicar que o problema começou por quererem obrigá-la a despachar uma mochila com seu notebook;
O transporte de bagagens de mão com eletrônicos é permitido, mas a companhia teria alegado falta de espaço na aeronave. Ela explica que temia avarias ao aparelho e, por isso, alocou a mochila no bagageiro, com ajuda de outros dois passageiros; uma hora depois, agentes da Polícia Federal entraram na aeronave para retirá-la, segundo um dos agentes, por "determinação do comandante".
A Anac recomenda que eletrônicos como notebook ou carregador portátil sejam levados como bagagens de mão -- a ideia seria evitar avarias e "ativação não intencional";
A abordagem gerou revolta em outros passageiros, que publicaram vídeos do flagrante nas redes sociais. Uma das passageiras mostra que foi questionar o motivo da abordagem e o agente a "convida" a também ir à sede da Polícia Federal. "É um absurdo, isso não pode acontecer. Levaram a mulher à força, gente", é possível ouvir no registro.

Os comissários falaram para mim que, se a gente pousasse em Guarulhos, a culpa seria minha, porque eu não queria despachar a mochila. Ele [um comissário] teve a coragem de falar isso para mim. A culpa não é porque o voo está duas horas, mais de duas horas atrasado, a culpa seria minha, acreditam?"
Samantha Vitena, passageira expulsa de voo da Gol

Transtorno coletivo

O voo 1575 deixou o Aeroporto Deputado Luis Eduardo Magalhães às 22h15, com mais de duas horas de atraso. Ele pousou, de fato, em Guarulhos, à 0h15, apesar do destino original ser Congonhas. O motivo ainda não foi esclarecido. A passageira não seguiu na viagem em questão.

Procurada pelo UOL, a Gol justificou a expulsão. Em nota, a empresa diz que, diante de um volume expressivo de bagagens a serem acomodadas a bordo, "clientes colaboraram despachando volumes gratuitamente" e que "mesmo com todas as alternativas apresentadas pela tripulação, uma cliente não aceitou a colocação da sua bagagem nos locais corretos e seguros destinados às malas e, por medida de segurança operacional, não pôde seguir no voo".

Segundo a Gol, Samantha acomodou a bagagem em local que obstruía a passagem, "o que trazia risco a segurança do voo". A companhia disse ter oferecido a ela despacho gratuito da bagagem; que o computador fosse retirado da mochila e troca de assento para acomodação da bagagem. "A companhia informou, por fim, que ela teria que desembarcar para que o avião pudesse partir. A impossibilidade de chegar a um acordo e a necessidade de se reestabelecer a ordem fez com que a Polícia Federal fosse acionada", disse a Gol, em nota.

Em uma rede social, Samantha agradeceu o apoio e o carinho e informou que pousou em São Paulo apenas na manhã deste sábado (29). O UOL entrou em contato com a passageira, que indicou que se manifestaria por meio de seu advogado. Este espaço será atualizado tão logo haja manifestação.