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MPF vai apurar se houve racismo no caso da passageira expulsa de voo da Gol

Samantha disse que temia ter o notebook danificado se tivesse que despachar a bagagem de mão - Reprodução/Redes Sociais
Samantha disse que temia ter o notebook danificado se tivesse que despachar a bagagem de mão Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Colaboração para o UOL, em São Paulo

05/05/2023 16h46

O MPF (Ministério Público Federal) abriu uma investigação para apurar possível prática de racismo no caso de Samantha Vitena Barbosa que foi expulsa de um voo da Gol no último dia 28.

O que aconteceu:

A investigação é para esclarecer possível ocorrência de racismo e violação dos direitos das mulheres no caso que envolve Samantha, segundo o MPF.

O objetivo da apuração é tomar as "providências compensatórias, reparatórias e de responsabilização, no âmbito cível, para a proteção dos direitos coletivos eventualmente violados", caso seja comprovado que houve violações na expulsão da passageira.

O MPF oficiou a Gol para que a empresa apresente detalhes do ocorrido naquele voo, solicitou o envio de uma cópia da regulamentação que orienta seus funcionários em situações desse tipo e esclarecimentos sobre o treinamento e qualificação dos empregados da companhia em relação ao tratamento dispensado aos passageiros para evitar casos de discriminação.

O órgão também oficiou a Anac (Agência Nacional de Aviação) para que se manifeste sobre o episódio e que esclareça quais os "poderes da equipe de bordo". Ainda, requisitou à Superintendência Regional da Polícia Federal na Bahia que solicite os detalhes sobre a atuação da PF no ocorrido.

Além das investigações na esfera cível, o MPF também apura a suposta prática de racismo na área criminal.

Procurada pelo UOL referente à ação do MPF, a Gol disse que "não comenta ações judiciais". Anteriormente, a companhia postou nas redes sociais que "lamenta imensamente a experiência da cliente" e disse seguir "cuidadosamente apurando os detalhes do ocorrido". "Reforçamos que não toleramos nenhuma atitude discriminatória", completou.

Relembre o caso

Samantha Vitena Barbosa foi expulsa de um voo da Gol que seguiria de Salvador (BA) a Congonhas (SP) no dia 28 de abril. Ela foi retirada de dentro da aeronave por agentes da Polícia Federal.

Antes de ser removida, ela se dirigiu aos demais passageiros para explicar que o problema começou por quererem obrigá-la a despachar uma mochila com seu notebook. O transporte de bagagens de mão com eletrônicos é permitido, mas a companhia teria alegado falta de espaço na aeronave. Ela explicou que temia avarias ao aparelho e, por isso, alocou a mochila no bagageiro, com ajuda de outros dois passageiros.

Agentes da Polícia Federal entraram na aeronave para retirá-la, segundo um dos agentes, por "determinação do comandante". A Anac recomenda que eletrônicos como notebook ou carregador portátil sejam levados no compartimento de mão — a ideia seria evitar avarias e "ativação não intencional".

A abordagem gerou revolta em outros passageiros, que publicaram vídeos do flagrante nas redes sociais. Uma das passageiras mostra que foi questionar o motivo da abordagem e o agente a "convida" a também ir à sede da Polícia Federal. "É um absurdo, isso não pode acontecer. Levaram a mulher à força, gente", é possível ouvir no registro.