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Quem é o 'Fantasma da Fronteira' do PCC que despistou a polícia por 8 anos

Bernasconi era responsável pelo transporte de cocaína até o Paraguai, segundo as investigações - Reprodução
Bernasconi era responsável pelo transporte de cocaína até o Paraguai, segundo as investigações Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

05/05/2023 04h00

O megatraficante Caio Bernasconi Braga era procurado pelas autoridades há ao menos oito anos. Apelidado de "Fantasma da Fronteira", ele foi preso em Ponta Porã (MS) na última terça-feira (2) pela Polícia Federal, entre o Brasil e o Paraguai.

O que se sabe sobre o 'Fantasma da Fronteira'

O criminoso estava foragido desde 2015, quando teve pedido de prisão preventiva decretado pela Justiça de Bauru (SP). Três anos depois, ele escapou de carro de uma ação para prendê-lo feita por agentes da PF na zona leste da capital paulista.

Bernasconi também foi denunciado na megaoperação Além-Mar, da PF, que confiscou mais de R$ 55 milhões do crime organizado em 2020. A ação visava o tráfico internacional de cocaína do Paraguai para países da Europa e África e apreendeu 11 toneladas da droga.

Mesmo foragido, o megatraficante chegou a participar de audiências da Justiça Federal de Pernambuco pela internet nos últimos dois anos. Segundo a PF, ele era o responsável por uma carga de 2,5 toneladas de cocaína apreendida no porto de Rotterdam, na Holanda.

O criminoso também é acusado de lavagem de dinheiro do tráfico na aquisição de imóveis de alto padrão e empresas em nome da esposa. Procurada, a advogada Josimary Vilhena, que representou Bernasconi na audiência de custódia, disse que só irá se manifestar nos autos do processo.

Para despistar as autoridades, ele se identificava como agente comercial e usava um nome falso, segundo as investigações.

Pouco se sabe sobre essa pessoa. Levava uma vida discreta na fronteira e só era conhecido pelas autoridades policiais, apesar de ser uma grande figura do tráfico na região. A prisão dele foi feita em uma operação sigilosa da PF, que mobilizou outros órgãos de segurança na fronteira, para evitar um provável resgate."
Marcelino Nunes de Oliveira, secretário municipal de Segurança Pública de Ponta Porã (MS)

Sucessor de chefe do PCC no Paraguai

A megaoperação da PF que incriminou Bernasconi também denunciou Sergio da Arruda Quintiliano, o Minotauro, apontado como o chefe do PCC no Paraguai até 2019, quando foi preso.

A investigação indicou que havia 32 empresas em comum entre Minotauro e Bernasconi. Os negócios envolvendo os dois incluíam corretoras de criptomoedas, segundo a PF.

Braço direito de Minotauro, Bernasconi teria assumido o controle do tráfico no país vizinho nos últimos anos. Ele seria responsável pela "rota do pó" do Paraguai para a Europa. A droga era enviada em contêineres de frutas, segundo a PF.

Caio Bernasconi Braga, o "fantasma da fronteira", foi preso pela PF quando trocava de aeronave em Ponta Porã (MS), perto da fronteira com o Paraguai - Polícia Federal - Polícia Federal
Caio Bernasconi Braga, o "fantasma da fronteira", foi preso pela PF quando trocava de aeronave em Ponta Porã (MS), perto da fronteira com o Paraguai
Imagem: Polícia Federal

Como foi a prisão

A prisão do megatraficante mobilizou equipes da Força Nacional e até veículos de guerra do Exército. O objetivo era evitar uma possível tentativa de resgate.

Bernasconi foi capturado perto da divisa com Pedro Juan Caballero, no Paraguai, quando trocava de aeronave. No dia seguinte, participou de uma audiência de custódia em Campo Grande (MS).

A PF investiga se a pista de terra onde o criminoso foi preso era uma espécie de "ponte aérea" da "rota do pó" chefiada por ele. Os investigadores também querem saber para onde Bernasconi estava indo quando foi capturado.