Chefe do tráfico na fronteira com Paraguai, Minotauro é condenado a 40 anos
Resumo da notícia
- Minotauro é tido como o sucessor de Jorge Rafaat Toumani, assassinado em 2016, na liderança do tráfico de drogas e de armas na fronteira
- Entre os crimes, está a corrupção de policiais e promotores para facilitar a chegada de maconha e de cocaína produzidas no Paraguai e na Bolívia
- De acordo com investigadores, narcotraficante não é batizado no PCC, mas, sim, um sócio
- Juiz federal também condenou a mulher dele e o piloto do avião de Minotauro
A Justiça federal condenou a 40 anos de prisão o narcotraficante Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, conhecido com o Minotauro, tido como chefe do tráfico na fronteira entre o Brasil e o Paraguai.
Ele é apontado como o sucessor de Jorge Rafaat Toumani, assassinado em 2016, na liderança do tráfico de drogas e de armas na fronteira, sobretudo na região entre Pedro Juan Caballero, no Paraguai, e Ponta Porã (MS).
Além de Minotauro, o juiz federal Vitor Figueiredo de Oliveira também condenou, no mesmo processo, sua mulher, a advogada paraguaia Maria Alciris Cabral Jara, conhecida como Maritê, e o piloto do avião de Minotauro, Emerson da Silva Lima.
Minotauro foi condenado a 40 anos e 9 meses de prisão pelos crimes de organização criminosa transnacional, tráfico de drogas e falsidade ideológica. Maritê foi condenada a 20 anos e 10 meses, e Lima a 8 anos e 4 meses.
De acordo com a Justiça, Minotauro estava sediado em Ponta Porã, mas tinha movimentação assídua entre o Paraguai, a Bolívia e os portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR), de onde grande parte da cocaína produzida na América do Sul é transportada a outros continentes.
O narcotraficante foi preso em fevereiro de 2018 em um condomínio de luxo em Balneário Camboriú (SC) e, desde então, está no presídio federal de Brasília. Lá, chegou a ser o único preso autorizado a tomar banho de sol com Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder do PCC (Primeiro Comando da Capital).
A Justiça federal se baseou para a condenação em denúncia oferecida pelo MPF (Ministério Público Federal) em julho, que por sua vez se baseou em investigação da PF (Polícia Federal). Segundo a apuração, Minotauro era o chefe o crime organizado na fronteira.
Entre os crimes praticados por ele, estão a corrupção de policiais e promotores, com o objetivo de facilitar a chegada ao Brasil, por vias terrestres, aéreas e fluviais, de maconha e de cocaína produzidas no Paraguai e na Bolívia.
Apenas em uma venda identificada pelo MPF, de 559 quilos de cocaína para a Europa, Minotauro obteve 14,6 milhões de euros, o que representaria, com correção monetária, a aproximadamente R$ 93 milhões.
Sucessor de Rafaat, morto por Pavão
De acordo com investigadores, Minotauro não é batizado no PCC, mas, sim, um sócio, assim como era Rafaat.
Policiais que atuam na fronteira afirmam que Rafaat foi morto a mando de Jarvis Chimenes, o Pavão, mesmo preso; e executado por Elton Leonel Rumich da Silva, o Galã; Orlando da Silva Fernandes, o Bomba; e o vulgo Siciliano, que suspeita-se ser o mafioso italiano Matteo Messina Denaro.
A morte de Rafaat, segundo investigadores locais, foi uma briga com Pavão, que estaria atrapalhando a engrenagem de alguns traficantes de armas e de drogas. Minotauro era o "gerente" de Rafaat e assumiu seu lugar após o homicídio. Uma onda de homicídios começou a acontecer à caça de ligados a Pavão.
Apesar de muito sangue ter sido derramado na fronteira, Minotauro não conseguiu encontrá-lo na rua. Pavão estava preso desde 2009 na capital do Paraguai e, em 2017, foi extraditado para o presídio federal de Mossoró (RN). Atualmente, os dois estão na mesma prisão de Brasília.
Enquanto está preso, o posto no comando do crime organizado na fronteira está terceirizado segundo as autoridades. Investigações paraguaias apontam que Edson Barbosa Salinas, o Ryguasú, braço-direito de Minotauro, é quem domina a região atualmente. Ele é suspeito de mandar matar o jornalista Léo Veras.
Ouça também o podcast Ficha Criminal, com as histórias dos criminosos que marcaram época no Brasil. Esse e outros podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts, no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e outras plataformas de áudio.
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