Caso Pavesi: médico que retirou órgãos de criança viva é preso em SP
O médico Álvaro Ianhez, condenado a 21 anos e oito meses de prisão pela morte do menino Paulo Veronesi Pavesi, foi preso ontem no interior de São Paulo. O crime aconteceu na Santa Casa de Misericórdia de Poços de Caldas (MG), em abril de 2000.
O que aconteceu:
Álvaro Ianhez foi preso em Jundiaí e encaminhado para o sistema prisional de São Paulo, onde fica à disposição da Justiça.
A prisão aconteceu após decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que cassou uma liminar que impedia a prisão do médico — Ianhez foi condenado em 2022 a 21 anos e oito meses de prisão.
Em nota, o MP-MG (Ministério Público de Minas Gerais) informou que já comunicou a SSP (Secretaria de Segurança Pública) e à Justiça de Minas Gerais sobre a prisão para que seja efetuada a transferência do preso.
"Caberá ao Departamento Penitenciário de Minas Gerais a transferência do preso para uma unidade prisional do estado", disse o MP-MG.
Álvaro Ianhez foi condenado em abril de 2022 por homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e pelo fato de a vítima ter menos de 14 anos.
Outros dois médicos também foram condenados por envolvimento no crime: José Luis Gomes da Silva e José Luis Bonfitto — eles pegaram 25 anos de prisão, cada. Um terceiro médico, Marco Alexandre Pacheco da Fonseca, foi absolvido pelo júri.
Os quatro envolvidos no caso negam irregularidades tanto nos exames quanto nos transplantes aos quais o garoto foi submetido.
O UOL tenta contato com a defesa de Álvaro Ianhez.
Relembre o crime
Paulo Veronesi Pavesi foi internado no Hospital Pedro Sanches em abril de 2000, após cair de uma altura de 10 metros do prédio onde morava. Dois dias depois, o garoto foi transferido para a Santa Casa de Misericórdia de Poços de Caldas.
Na unidade de saúde, os médicos informaram aos pais que Paulo teria sofrido morte cerebral em decorrência de traumatismo craniano. Os profissionais também relataram que haviam retirado os órgãos e enviado para o banco de transplantes da Santa Casa.
Os pais começaram a suspeitar dos médicos após receber uma conta de quase R$ 12 mil do hospital referente aos medicamentos usados para remoção dos órgãos da criança — o processo deveria ter sido custeado pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
A Polícia Federal passou a investigar o caso e constatou que o exame que teria atestado a morte cerebral de Paulo foi feito de forma irregular.
Conforme o MPF (Ministério Público Federal), a documentação sobre a morte da criança foi forjada com o objetivo de fazer com que Paulo fosse doador.
No julgamento que aconteceu em abril de 2022, o advogado da família de Pavesi, Dino Miraglia, relatou que os médicos anestesiaram o garoto para retirar os órgãos. "Se o menino estava com morte cerebral, para que anestesiou? Anestesiou porque não tinha morte cerebral. Se não tinha morte cerebral, não podia ter transplante", argumentou na frente do júri.
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