'Você não morreu?': histórias sobrenaturais assombram Theatro do Rio
A construção histórica e centenária no centro do Rio reúne arte e cultura, mas quando as cortinas do palco do Theatro Municipal se fecham, funcionários relatam ouvir vozes, ver vultos e presenciar fatos sobrenaturais.
As histórias são tão antigas quanto os espíritos que vagam pelo Theatro, segundo os funcionários. O cantor lírico Fábio Belizallo, 51, passou a ter certeza que aquilo era real, quando estava ensaiando com um professor em 2002. Eles estavam sozinhos no 10º andar e por volta das 18h40, quando encerraram a aula, começaram a ouvir sons:
"Já tínhamos acabado, trancado a sala e nesse momento, começamos a ouvir o piano tocar, fazendo pequenos acordes. Em seguida, ouvimos uma voz cantando, só que o som vinha da escada de incêndio. Quando abri a porta, o som parou."
Os dois pegaram o elevador e Fábio chegou a cogitar em não comentar sobre o que tinha acabado de acontecer para o professor que o acompanhava. Os dois estavam paralisados até que o professor, já um senhor de idade, pergunta assustado: "Você viu?". Em seguida ele pegou o crucifixo.
Quando saímos do elevador, vimos uma figura branca, passando rápido, em direção ao Theatro. Foi muito real. Eu acredito, mas não me impressiono. Acredito que a vida não termina, mas tem continuidade. Fiquei assustado, com medo na hora, mas fiquei mais preocupado mesmo foi com o professor, que já era de idade".
Funcionário do Theatro desde 1994, diz que os eventos sobrenaturais já eram famosos entre os artistas e os bastidores. "Já ouvi essas histórias dos antigos. Eles contavam muitas coisas sobrenaturais. Ouvi que as pessoas escutavam vozes cantando e tem gente que dizia que via até o fundador do coro, o Santiago Guerra", conta.
Pianista fantasma
Cantor do coro do Theatro Municipal há 32 anos, Pedro Ismael Olivero, 62, conta que havia uma camareira muito querida por todos, chamada Carmen Campos. Funcionária antiga, a idosa de 72 anos foi convidada pelo famoso bailarino russo Mikhail Baryshnikov, que estava de passagem pelo Brasil, para acompanhá-lo em sua apresentação na Bahia, em 1997.
Ao chegar lá, Carmen decidiu ir até a Basílica do Senhor do Bonfim, pagar uma promessa. Ao sair da igreja, a idosa foi atropelada e morreu. A perda de Carmen deixou todo o Theatro muito abalado.
Cerca de dois meses depois, o coro ensaiava em uma sala ao lado do palco e o banheiro ficava atrás. O ensaio durou por volta de 1h30, mas nesse dia, ele pediu para sair antes do intervalo, porque estava apertado para ir ao banheiro.
"Saí correndo, apertado em direção ao banheiro e praticamente esbarrei com Carmen. Ela disse: 'Oi, meu filho'. Eu respondi, perguntei se estava tudo bem, mas quando cheguei ao banheiro foi que a ficha caiu: mas a Carmen morreu."
No intervalo, ele contou a situação ao pessoal do coro e eles disseram que o Theatro estava cheio de aparições.
"Era muito real, me lembro como se fosse ontem, ela com várias pulseiras no braço, como costumava a usar no dia a dia. Mas estava tão apertado, que na hora não raciocinei. Foi uma coisa tão rápida, se eu tivesse assimilado na hora, teria conversado mais com ela, teria perguntado: 'Mas você não morreu, minha filha?'. Ela sempre me chamava assim, de 'meu filho', lembra.
Pedro conta que o papo sobre assombração é uma constante. Segundo ele, um dos dirigentes do Theatro morreu recentemente e tem gente que já o viu por lá.
"Acho que foram pessoas que se apegaram muito ao Theatro e foram muito felizes ou pessoas que tiveram experiências terríveis, aí elas ficam vagando por aqui".
"A gente aprende a conviver com eles"
Nascida e criada no Theatro, Leila Melo, 66, é filha da falecida Carmen, chefe das camareiras. As duas chegaram a trabalhar juntas. Carmen foi chefe de camarim durante 40 anos e, há 25 anos, Leila exerce a função de coordenadora de camarim.
"Eu cresci ouvindo essas histórias. Minha mãe era espírita, ela via muita coisa, me contava sobre essas aparições e, às vezes, quando ouço algo estranho hoje em dia, já lembro dela: "ah, deve ser aquele espírito que a mamãe falava". Eu não tenho medo não, mas rezo uma Ave Maria na hora. Tenho mais medo dos vivos."
Diferentemente de Pedro, que viu nitidamente a ex-camareira, Leila ainda não teve a mesma oportunidade.
"Eu escuto muito alguém me chamando, aí chego no corredor, não tem ninguém. Acho que são esses espíritos que são muito apegados ao Theatro e ficam vagando. Já vi vultos no camarim, aí chegava lá, não tinha ninguém. A gente aprende a conviver com eles, mas a minha mãe mesmo, ainda não tive a bênção de ver. Não vi, mas eu sinto a presença dela."
Além de Carmen, do pianista fantasma e das vozes ecoando, a famosa mulher de branco também já faz parte das histórias assombrosas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.