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'Só pra sapatos': salário de procuradora a põe entre os 1% mais ricos

Colaboração para o UOL

01/06/2023 11h58

A procuradora de Goiás Carla Fleury de Souza reclamou do salário dela, de R$ 37,5 mil, durante uma sessão do MP-GO (Ministério Público de Goiás). Ela direcionou a crítica à falta de reajustes nos salários de funcionários públicos.

Eu não mantenho a minha casa. O meu dinheiro é só para eu fazer as minhas vaidades, graças a Deus. Só para os meus brincos, pulseiras e meus sapatos.
Procuradora Carla Fleury de Souza

O que significa ganhar esse valor?

No Brasil, ganhar R$ 37,5 mil representa estar entre os 1% mais ricos da população. Esta faixa mais abastada parte de quem tem renda mensal média de R$ 17.447, segundo informações colhidas em 2022 pelo IBGE e reportadas ao jornal O Estado de S. Paulo.

Esse grupo ganha 32,5 vezes mais que o rendimento da metade mais pobre da população brasileira.

Em 2022, a renda média domiciliar per capita cresceu, 6,9% em relação ao ano anterior, para R$ 1.586.

Segundo a revista Piauí, em 2021 a renda mensal dos 1% mais ricos do país valia por 34 anos de renda dos 5% mais pobres.

Quanto ganha um procurador?

Há variações entre os salários de procuradores de cada estado.

Já no MPF (Ministério Público Federal), há três faixas de remuneração básica do cargo efetivo para procuradores:

R$ 35.710,45 para procuradores da República;
R$ 37.589,95 para procuradores regionais da República;
R$ 39.568,37 para subprocuradores-gerais da República.

Segundo o portal da transparência, a remuneração básica pode ser acrescida de outras verbas remuneratórias legais ou judiciais. Já o rendimento total pode contar também com uma remuneração eventual ou temporária, com valores referentes a função de confiança ou cargo em comissão, gratificação natalina, férias, abono de permanência, verbas indenizatórias, entre outros.

Quanto aos descontos, são considerados: imposto de renda, contribuição previdenciária e retenção por teto constitucional.

O que aconteceu?

A procuradora Carla Fleury de Souza disse que "graças a Deus, o marido é independente" durante sessão na última segunda-feira (29). Ela continuou dizendo ter "dó" dos promotores que estão iniciando a carreira e têm filhos na escola "porque hoje o custo de vida é muito caro". Souza ainda pediu desculpas por ter "se exaltado", mas a declaração foi "de coração" e "quem fala de coração, fala a verdade".

A procuradora tem uma remuneração do cargo efetivo de R$ 37.589,96, segundo o portal da transparência do MP-GO, em consulta feita pelo UOL.

Souza ingressou no MP-GO em 1992, segundo uma publicação da instituição no ano passado. Ela atuou nas promotorias de Mozarlândia (1992), Uruana (1992), Itapuranga (1992 a 1993), Inhumas (1993 a 2011) e Goiânia (2011 a 2022).

Ao UOL, o MP-GO disse que "trata-se de declaração de cunho pessoal, que não representa o pensamento da instituição".