Escrivã encontrada morta aparece em vídeo sendo xingada dentro de delegacia
A escrivã Rafaela Drumond, 31, encontrada morta na última sexta-feira (9), aparece em um vídeo sendo xingada dentro de uma delegacia em Carandaí (MG). A Polícia Civil de Minas Gerais vai periciar o celular de Rafaela e as imagens gravadas.
O que aconteceu:
O aparelho celular foi encontrado na casa de Rafaela e recolhido pela Polícia Civil, informou hoje o delegado Alexander Soares Diniz, responsável pelas investigações, em entrevista coletiva. O investigador também desmentiu o boato de que o celular teria sido extraviado. "Eu estive lá, acompanhei o trabalho da perícia técnica e o aparelho celular da escrivã, um iPhone, foi recolhido e devidamente acondicionado", esclareceu Diniz.
No vídeo, é possível ouvir homem que a chama de "piranha", e a escrivã afirmando que vai denunciar o caso. Ela afirma que não vai "esquecer" do xingamento e ele rebate: "De tudo que eu falei, ela tá preocupada com piranha. É muita cabecinha fraca". A policial foi encontrada morta pelos pais em um distrito da cidade de Antônio Carlos, na região de Campo das Vertentes (MG), e o caso foi registrado como suicídio.
O homem diz ainda que, caso Rafaela fosse um homem, "uma hora dessa, eu ou você já tava com olho roxo". "Grava e leva no Ministério Público, na Corregedoria, leva para quem você quiser", responde o homem quando Rafaela ameaça denunciá-lo.
Investigação pode indicar responsável por morte
O delegado declarou ainda que a perícia vai identificar de quem é a voz e que isso é uma fase do trabalho desenvolvido. "A gente tem que investigar todas as situações para ver se houve ou não essa indução ao suicídio. É natural dessa investigação", destacou Diniz.
Questionado sobre um possível afastamento de algum policial da unidade em que atuava a escrivã, o delegado respondeu que só pode afastar um policial de forma legal, por ordem judicial ou por medidas administrativas.
Temos que obedecer esse caminho, o que é previsto na lei, para que tenhamos elementos. Um mero afastamento, feito sem lastro legal, pode fazer com que o policial possa retornar novamente. Por isso, é importante o equilíbrio na investigação.
Rafaela Drummond
O que se sabe sobre o caso
Dias antes de sua morte, Rafaela protocolou uma série de denúncias de assédio moral, sexual, pressão psicológica e sobrecarga no ambiente de trabalho ao Sindep-MG (Sindicato dos Escrivães da Polícia Civil de Minas Gerais).
Além das denúncias, áudios em que a vítima detalha episódios de perseguição dentro da instituição, vazados nas redes sociais, motivaram abertura de inquérito para a apuração do caso.
O Sindep-MG confirmou que recebeu as denúncias. No entanto, mantém o conteúdo sob sigilo. O órgão afirmou que cobra da polícia um esclarecimento sobre as denúncias.
A Polícia Civil informou que instaurou procedimento disciplinar e inquérito policial, e destacou que disponibiliza suporte aos servidores no Centro de Psicologia do Hospital da Polícia Civil, por meio de sessões presenciais e teleconsulta.
Centro de Valorização da Vida
Caso você esteja pensando em cometer suicídio, procure ajuda especializada como o CVV (Centro de Valorização da Vida) e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade.
O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.
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